Solenidade de lançamento reuniu representantes de diversos setores da sociedade no último 4 de outubro.

Um estudo identificou que 47% das mulheres deixaram de fazer as visitas de rotina ao médico para prevenção do câncer de mama durante a pandemia de Covid-19, em 2021. Para ajudar na conscientização e prevenção à doença, que atinge mais de 53 mil pessoas no estado, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte (ALRN) lançou o “Outubro Rosa” e a campanha “Lenço Solidário”.

A solenidade, que reuniu representantes de diversos setores da sociedade, aconteceu no dia 4. Viabilizada pela Frente Parlamentar da Mulher (FPM), as ações fazem parte da Campanha Mundial Outubro Rosa. A atividade visa enfatizar e promover a ideia que o diagnóstico precoce aumenta a eficácia do tratamento e, por efeito, potencializa as chances de cura, que é 95%.

A campanha Lenço Solidário recebe doações de lenços, que serão entregues às mulheres que perderam o cabelo durante o tratamento contra o câncer. Máscaras de proteção facial contra Covid-19 também podem ser doadas. A contribuição pode ser feita na sede da ALRN, na zona Leste de Natal. A distribuição do material arrecadado acontecerá no dia 29 de outubro, quando as campanhas serão encerradas. Contudo, foi enfatizado, durante o lançamento, que a pauta da saúde da mulher é demanda cotidiana da Casa Legislativa.

Intitulada de “Câncer de mama: tabu, falta de clareza sobre a doença, diagnóstico precoce e autocuidado”, a pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da Pfizer mostra que 60% das mulheres sabem que a mamografia deve ser feita anualmente a partir dos 40 anos. Mas o exame é apontado como um dos entraves no diagnóstico da doença, segundo as parlamentares Cristiane Dantas (SDD) e Eudiane Macedo (Republicanos) – ambas da FPM.

“As cirurgias eletivas, de modo geral, estão em uma grande fila de espera, bem como as cirurgias para pacientes com câncer de mama. Aqui no estado não há tantos hospitais que façam esse tipo de atendimento (de câncer). Temos a Liga Contra o Câncer, que tem atendimento de primeira qualidade, mas cuja demanda é muito grande, já que atende pacientes de todo o estado”, destacou Cristiane Dantas.

A parlamentar, que presidiu a audiência, reforça que o amparo e o cuidado prestados às mulheres em tratamento deve ser o mesmo ofertado no processo de conscientização, prevenção e acolhimento. Cristiane Dantas comentou que os demais deputados estaduais têm debatido projetos de lei que garantem assistência ao cuidado com as mulheres e no combate às doenças.

O Estatuto Para Pessoa com Câncer é um exemplo citado pela deputada. O projeto, que tramita na ALRN, apresenta todas as diretrizes para acolhimento para pessoas com câncer – independente de qual seja. Para ela, o estatuto é de suma importância, pois resguarda todos os direitos dos pacientes. A expectativa é que o projeto seja votado até o fim do ano.

“Muitas deixaram de se cuidar, principalmente na pandemia. Isso fez crescer os índices do câncer de mama. Hoje, nós temos uma demanda reprimida de exames. O Outubro Rosa é para enfatizar o cuidado da mulher e dos exames de rastreamento, como a mamografia. A campanha do Lenço Solidário ajuda a resgatar a autoestima das mulheres que sofrem com o diagnóstico que maltrata, que precisam fazer a quimioterapia, as fazendo perder o cabelo”, destacou a parlamentar.

A importância do resgate da autoestima

Alinhado com esse pensamento, a deputada Eudiane destacou a contribuição que os lenços têm na autoestima das mulheres que lutam contra o câncer. “Aquele mulher que não tem condições de comprar o lenço é beneficiada com essa ação”. A parlamentar pontuou que o “Outubro Rosa é uma campanha trabalhada nos 365 dias do ano. Existe o mês de outubro para dar visibilidade, mas diversas entidades compram essa luta cotidiana”.

A deputada também reconheceu que há “demanda reprimida” na realização dos exames, e, por isso, enfatizou a importância do autoexame, através do toque realizado no seio. “A mulher tem que se tocar, pois é a partir desse momento que ela consegue sentir que tem algo diferente em seu corpo. E, assim, fazer a mamografia. Hoje, contamos com uma rede de apoio muito grande, formada por grupos voluntários de apoio”, comentou.

Os homens também têm papel importante no enfrentamento da doença. Segundo Hilneth Correia, fundadora do grupo Rivever, existem homens que, alicerçados no argumento do ciúme, não querem que as esposas deles façam exames, como o preventivo. O apoio dos homens às mulheres, especialmente quando se relacionam com elas, faz diferença na promoção do diagnóstico precoce e garante melhor suporte afetivo às mulheres durante o tratamento, de acordo com Hinelte.

Para se ter ideia, cerca de 70% dos homens abandonam suas companheiras após o diagnóstico da doença, segundo dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

A presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer, Magda Maria de Oliveira Silva, demonstrou preocupação com os possíveis casos graves que chegarão à rede pública de saúde nos próximos dias. Ela destacou ainda a necessidade e importância da doação de lenços. “Parabenizo a ação de busca a doação de lenços, permitindo que as mulheres em tratamento possam continuar com a autoestima elevada mesmo em momento difícil como é o período de tratamento”, clamou.

Presente de forma virtual, a médica mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia no RN, Daniella da Gama Dantas, frisou a importância da sociedade olhar para a causa e proteger essas mulheres portadoras do câncer de mama. “Essa campanha tem o objetivo principal de salvar vidas, com a realização de exames de rastreamento, como a mamografia”.

Sobre a campanha de doação de lenços, a médica convidou a população a participar “Convido você que tem um lenço a doar a fazê-lo. Assim doará beleza, vida e cor a essas mulheres”, convocou.

Finalizando os discursos, a defensora pública e representante do Coletivo Nísia Floresta, Ana Lúcia Raimundo, clamou a todos para acolher as mulheres incentivando o autoexame e a realização da mamografia no tempo certo. “Como defensora pública eu aprendi a apoiar o mais carente. Isso precisa ser feito com as mulheres. Precisamos pensar nos outros com empatia. Uma atitude dessa pode fazer toda diferença e salvar vidas”, clamou.

Fonte: Agora RN
Foto: Assembleia Legislativa do RN