Governadora Fátima Bezerra afirma que herança financeira pesada dificultou investimentos em outras áreas para priorizar pagamento dos servidores.

“Uma verdadeira tragédia, só de folhas salariais atrasadas, herdamos uma dívida de quase R$ 1 bilhão, e tínhamos apenas R$ 3 milhões nos cofres do Estado e vamos quitar tudo”, afirmou a governadora Fátima Bezerra (PT), ao revelar como recebeu o governo do Estado em janeiro de 2019. Em entrevista à TV Ponta Negra nesta segunda-feira (13), ela falou como a gestão conseguiu contornar os problemas herdados e as medidas adotadas para isso, os investimentos em segurança pública, sua percepção sobre a CPI da Covid da Assembleia Legislativa e a política nacional.

Fátima afirmou que o Estado quitará a dívida bilionária com recursos próprios, levantados após a adoção de medidas austeras, como corte de despesas consideradas supérfluas, revisão de contratos e diárias e criação do Comitê de Gestão e Eficiência, que inclui profissionais das áreas de economia, planejamento, tributação e administração, além do Gabinete Civil e Procuradoria Geral do Estado (PGE).

“Isso é gestão, com foco, planejamento e uma equipe competente e de sensibilidade social. Tivemos medidas duras, mas garantimos que não tivesse demissão de servidores ou aumento da carga tributária. Sem repasse federal, pois o que o governo federal fez em 2020 foi compensar as perdas que Estados e municípios tiveram em função da pandemia.

Afirmou que a última parcela do 13º salário de 2018, prevista para novembro, foi antecipada para esse mês e que o 13º deste ano, bem como a folha de dezembro de 2018, serão pagos a partir de janeiro próximo. “Palavra dada é palavra cumprida. Hoje, o servidor público potiguar tem seu calendário de pagamento, inclusive das folhas que restam. Se fomos capazes, com recursos próprios e com pandemia, de conseguirmos R$ 1 bilhão para pagar as dívidas da gestão anterior, imagine em uma segunda gestão, o quanto podemos ampliar a capacidade de investimentos. Imagine se não tivéssemos encontrado essa dívida, se tivéssemos usando esses recursos para investir em outras áreas?”, questionou.

Fátima ressaltou o trabalho de recuperação da capacidade de investimento do Rio Grande do Norte, com a modernização das políticas de incentivos fiscais, o Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do RN (Proedi) , o regime especial para o setor de serviços, políticas de recuperação fiscal, recuperação da dívida ativa e o Programa de Recuperação Fiscal (Refis). Citou ainda que o RN será o primeiro estado brasileiro a instalar um parque eólico offshore no mar, um investimento de R$ 18 bilhões e expectativa de geração de cinco mil empregos.

Avaliação da CPI da Covid
“O Governo não tem absolutamente nada a temer, está pronto para prestar os esclarecimentos necessários. O Governo está muito tranquilo da licitude dos atos, sabemos da honestidade da nossa equipe, somos transparentes”, disse a governadora, sobre a CPI da Covid. Ela explicou ainda que, referente ao imbróglio dos respiradores, o Estado acionou a Justiça para reaver os recursos e reparar o prejuízo sofrido pelo Consórcio Nordeste.

“É preciso levar em consideração que o enfrentamento da pandemia se deu em um contexto de emergência sanitária. O que você faria no meu lugar? Naquele momento não tinha respirador nenhum. Sabe quando o governo federal mandou os respiradores? Em junho, mas já tinha gente precisando de respirador em março. Fizemos o contrato de boa-fé, levamos um calote e todas as providências estão em âmbito judicial para reaver o prejuízo que o Estado teve com o calote”, falou.

Fátima disse também que foram adotadas medidas sanitárias duras, muitas vezes incompreendidas, mas que tinham que ser feitas por causa da transmissibilidade da doença. E destacou o trabalho dos servidores da saúde. “Quero expressar minha gratidão aos servidores da linha de frente, quantas vidas foram salvas graças ao trabalho e abnegação deles no enfrentamento à pandemia? Montar toda aquela rede assistencial, em meio à crise de desabastecimento de remédios, insumos e materiais, equipamentos e até de pessoal, todo o estresse e exaustão que viveram”.

Investimentos em segurança pública
Questionada sobre a crise na segurança pública potiguar, Fátima respondeu: “Temos feito muitos investimentos em segurança pública, com melhorias nas condições de trabalho, aquisição de equipamentos, viaturas, instrumentos e nomeação de mais de mil policiais militares até o momento e outras 299 para 2022, concurso público para Polícia Civil, Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep) e Corpo de Bombeiros, além de mais de oito mil promoções na área. Isso tem tido resultado, porque o RN não é mais o Estado que aparecia como o mais violento do país, conseguimos reduzir, mas ainda temos o que avançar”.

Fonte: Agora RN
Foto: ASSECOM