Em média, 438 óbitos são registrados por dia. Em junho, quando chegamos a 500 mil vítimas, eram 2 mil. Especialistas atribuem cenário ao avanço da vacinação, mas alertam que o risco ainda existe: país ainda é o 3º com a maior média diária de novas mortes no mundo, atrás apenas de EUA e Rússia.

O Brasil chegou a 600.077 mortos pela Covid, divulgou o consórcio de veículos de imprensa na tarde desta sexta-feira (8). Em casos confirmados, são 21.893.752.

A marca é atingida num momento em que a pandemia está em desaceleração no país. A média de mortes diárias está em 438, o menor número desde novembro do ano passado, e em queda.

Essa desaceleração se expressa também no tempo que a doença levou para tomar mais 100 mil vítima no Brasil desde que atingimos a trágica marca de 500 mil mortes: foram 111 dias, o dobro dos 51 dias que o país levou para passar de 400 mil para 500 mil óbitos.

No momento em que chegamos a meio milhão, morriam em média 2 mil brasileiros por dia – quatro vezes a média atual. Em abril, pior momento da pandemia, a média passou de 3 mil mortos por dia.

1ª morte: 12/3/2020
100 mil mortes: 8/8/2020 (149 dias depois)
200 mil mortes: 7/1/2021 (152 dias)
300 mil mortes: 24/3/2021 (76 dias)
400 mil mortes: 29/4/2021 (36 dias)
500 mil mortes: 19/6/2021 (51 dias)
600 mil mortes: 8/10/2021 (111 dias)

Mas, apesar de o número de vítimas do vírus ter despencado nos últimos meses, o Brasil ainda é o 3º país com a maior média diária de novas mortes atualmente, atrás apenas de EUA e Rússia.

O país também mantém a marca de ser o que mais registrou vítimas da pandemia em 2021 no mundo: já foram registradas 405 mil mortes por Covid-19 neste ano, mais do que Estados Unidos e Índia e quase o mesmo que todos os 27 países da União Europeia somados.

Por que o cenário melhorou?
Especialistas atribuem a melhora do cenário à vacinação. O Brasil já tem 69% da população vacinada com ao menos uma dose e 45%, totalmente imunizada. Além disso: todos os estados e o DF estão com mais da metade da população parcialmente imunizada e três deles –Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e São Paulo– têm mais de 50% de sua população com o esquema vacinal completo.

No contexto mundial, país está em 59º no ranking proporcional (que leva em consideração o número de doses aplicadas em relação à população), com 113 doses aplicadas a cada 100 habitantes. Em termos relativos, estamos atrás de países como Cuba (190), Uruguai (181), Chile (170), El Salvador (119), Panamá (119), Equador (116) e Argentina (115).

Ou seja, mesmo com os avanços, os especialistas alertam que a pandemia ainda não acabou.

Para Helena Brigido, vice-presidente da Sociedade Paraense de infectologia e mestre em Medicina Tropical, o controle viral que poderia trazer “controle” da pandemia, ocorrerá quando as possibilidades de infecção forem mínimas.

“Temos milhões de brasileiros ainda sem vacina nas diversas regiões do país. Além disso, ainda não ocorre vacinação ampla e as crianças também ainda não têm vacina. E mesmo em uma proporção menor, ainda estamos tendo muitos casos de Covid.”

Por conta disso e da variante delta, ela acredita que “é possível ocorrer infecções em idosos, profissionais de saúde, pessoas com comorbidades que ainda não fizeram a terceira dose e/ou naqueles que nunca foram vacinados”.

A queda de casos e mortes para Helena ocorre pela “combinação entre imunidade natural, ou seja, pessoas que já tiveram a doença e ainda têm anticorpos, e pela imunidade passiva, aquela ocorrida pela proteção da vacina.”

Por mais que números menores de mortes possam dar alento para retornarmos para a normalidade e pensar em encontrar a família e os amigos nas festas de final de ano, os especialistas alertam que ainda é muito cedo para começar a dispensar cuidados contra a Covid, como o uso de máscaras e o distanciamento social, por exemplo.

“A pandemia é dinâmica e tudo isso vai depender do momento em que estivermos vivendo quando essas festas chegarem. Podemos planejar essas festas, mas dependendo da situação epidemiológica do país no momento, essas festas podem não acontecer. Ainda estamos caminhando na cobertura vacinal e precisamos de uma cobertura vacinal forte de segunda dose, e ainda não é o caso”, explica Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Weissman concorda: “A situação da pandemia no país é muito melhor do que em outros tempos, mas não se pode abusar. O vírus e as variantes de preocupação continuam em circulação e, dessa maneira, pessoas suscetíveis, que ainda não estejam totalmente protegidas, podem ser infectadas.”

Fonte e foto: G1