Outubro de 1991. Para alguns essa data já parece uma eternidade, outros relembram os acontecimentos como se fosse ontem. Faz 30 anos que o papa João Paulo II participou do 12º Congresso Eucarístico Nacional, sediado em Natal. A passagem do papa por terras potiguares, agora São João Paulo II desde que foi canonizado pelo Vaticano em 2014, marcou a vida dos fiéis que o acompanharam. Para comemorar, a Arquidiocese de Natal realizou uma exposição em memória, além de ter celebrado missa em homenagem nesta quarta-feira (13), na Catedral Metropolitana.

O padre Paulo Henrique, também Vigário Geral da Arquidiocese, classifica a experiência como um momento de renovação vocacional e muito fervor por parte dos fiéis. “Foi uma grande novidade, pois era a primeira vez que um papa pisava em Natal. Só esse fato já enchia o coração de alegria e orgulho. Eu era seminarista, cheguei ao seminário naquele ano em fevereiro, e participei das celebrações do Congresso”.

Segundo o padre, a passagem de João Paulo II, ainda deixa emoções à flor da pele. “A presença dele transmitia uma mística, uma espiritualidade pelo olhar. Quando ele chegou no Papódromo, era muita gente chorando, muita gente emocionada. A missa foi um momento extraordinário, tudo aquilo foi uma benção”, relembra.

A exposição “Memórias do 12º Congresso Eucarístico Nacional” esteve aberta à visitação do público no subsolo da Catedral Metropolitana. No local, que foi abençoado pelo papa em sua passagem, o visitante entrava em uma verdadeira cápsula do tempo, com objetos usados por São João Paulo II, além de vídeos e fotografias do Congresso, que mostram a cronologia do evento ocorrido entre 6 a 13 de outubro de 1991.

Presente na abertura da exposição, a aposentada Lucinete Veras participou da organização do Congresso 30 anos atrás. “Foram mais de dois anos de preparação e eu lembro bem da primeira ata que fiz. Ainda fico emocionada quando olho para João Paulo II; aqueles olhos lindos, o rosto vermelho, parecia que transmitia luz para todos nós. Eu sou muito feliz e realizada por ter participado de um momento tão bonito, ele transmitia fé e a minha foi renovada”, disse.

Tânia Trigueiro também foi uma das fiéis que fez parte da equipe organizadora. “Foi algo indescritível. Me sinto agraciada por Deus por ter vivido esse momento, até porque eu sempre admirei o papa João Paulo”.

Além disso, Tânia foi uma das convidadas para participar da missa celebrada no Papódromo em 1991. “Entregar o vinho na missa, nas mãos dele, foi uma emoção que eu carrego sempre dentro de mim. Quando eu lembro, dá vontade de chorar por saber que ele é santo e eu estive com ele. Ele me abençoou e entregou um terço que eu tenho na bolsa até hoje”, disse com os olhos marejados.

A passagem de João Paulo II também movimentou a imprensa potiguar, que teve o desafio de cobrir um evento ao qual o mundo acompanhava. Para a jornalista e apresentadora Virgínia Coelli, foram momentos como esse que despertaram o seu amor pela comunicação e por ser repórter. “Em 1990, entrei na Rádio Cabugi como estagiária, e no ano seguinte fui escalada para fazer a cobertura da visita papal. Acompanhei os preparativos da organização e cobri o dia da chegada no aeroporto Augusto Severo”.

“Eu estava lá na pista do aeroporto, esperando aquele avião, e tive a graça como católica de vivenciar esse momento. Vi ele descer a escada, a uns 100 metros de distância, e fazer aquele gesto, pelo qual era conhecido, de beijar o solo da cidade. Em seguida, acenou para os jornalistas e já seguiu para os compromissos na cidade. A partir dali, fomos narrando toda a trajetória, acompanhando o caminho dele em tempo real. Minha missão era essa”, relembra.
Rodivan Barros, cinegrafista na época, reconhece o momento como um trabalho marcante e muito compensador. “Foi um sonho, em um dia que ele foi visitar a Catedral, passou bem perto ao meu lado. Todo mundo queria chegar perto e ver, pois foi algo que tomou a cidade. No Papódromo, sempre tinha muitas equipes e jornalistas de fora, muitos ônibus chegando de escolas e pessoas vindas do interior. Até quem estava trabalhando, ficava emocionado”.

A emoção era dobrada para aqueles que tiveram a oportunidade de realizar a primeira eucaristia durante o Congresso Eucarístico Nacional. Marcelle Nascimento foi uma dessas crianças. “Lembro que foi um misto de muita emoção e ansiedade devido a presença do Papa. Eu tinha 12 anos e fui com a Paróquia São Francisco de Assis, com muita organização e zelo. Recebemos orientações e crachás pra irmos para o Papódromo. Foi um momento muito importante receber Jesus Eucarístico quando toda nossa Arquidiocese e a nossa cidade se preparou para receber o Papa, eu não consigo nem descrever, até hoje sei cantar o hino oficial do Congresso. Ficou marcado em minha memória”.

A missa em ação de graças foi celebrada na Catedral Metropolitana, presidida por Dom Jaime e concelebrada por padres da Arquidiocese. Na ocasião, também ocorreu a abertura da fase diocesana do Sínodo dos Bispos 2023, convocado pelo Papa Francisco.

Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Magnus Nascimento/Arturo Mari/Serviço Fotográfico do Vaticano