Situação voltou a ser flagrada pelo Centro de Liderança Pública (CLP), que divulgou os resultados do Ranking de Competitividade dos Estados 2021.

Em maio último, a rede Nordestão de Supermercados abriu sua primeira unidade, um atacarejo, fora do Rio Grande do Norte. Essa decisão nada teve a ver com a pandemia que assolou a economia em 2020. Já estava planejada há tempos e por uma razão: para muitos grupos empresariais com atuação local, a economia de Natal, a principal do Estado, já alcançou o seu ápice. Não vai crescer e talvez até diminua.

Aqui, a tendência é que a briga entre segmentos do atacado e varejo se dê num ambiente progressivamente hostil especialmente pelo custo das alíquotas de ICMS sobre produtos adquiridos na origem de outros Estados. E o RN, como se sabe, compra de fora tudo o que consome, com raras e honrosas exceções.

Essa situação voltou a ser flagrada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) que divulgou dias atrás os resultados do Ranking de Competitividade dos Estados 2021.

A pesquisa é uma parceria da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, com a Tendências Consultoria e a Seall, este ano prestigiada por governadores que se saíram bem na fita, como Carlos Moisés (PSL-SC), Flávio Dino (PSB-MA), João Azevedo (Cidadania-PB), Mauro Mendes (DEM-MT), Rodrigo Garcia (PSDB-SP) e Wellington Dias (PT-PI).

O RN não aparece nem de longe na relação porque, da edição do ano passado para este, caiu dois pontos e hoje é o penúltimo em competitividade no ranking da ODS no País, só ganhando do Acre. No Nordeste, perde para todos os demais estados, acendendo uma luz vermelha que já deveria estar ligada há alguns anos.

Na décima edição consecutiva do Ranking de Competitividade dos Estados, a avaliação das 27 unidades federativas foi ampliada de 73 para 86 indicadores, distribuídos em dez pilares temáticos considerados relevantes para a promoção da competitividade e melhoria da gestão pública dos estados brasileiros.

São eles: Infraestrutura, Sustentabilidade Social, Segurança Pública, Educação, Solidez Fiscal, Eficiência da Máquina Pública, Capital Humano, Sustentabilidade Ambiental, Potencial de Mercado e Inovação.

Este ano, os organizadores acresceram outros três itens: Eficiência da Máquina Pública, Sustentabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental, este especificamente avaliando indicadores ambientais como desmatamento e recuperação de áreas degradadas.

Dito de outra forma, esse problema de falta de competitividade se reflete na progressiva ruína de empresas, tendo como consequência imediata o desemprego.

Durante consulta a empresários, o Agora RN disparou mensagens de WhatsApp para alguns empresários de segmentos variados a respeito da pesquisa que colocou a competitividade do RN lá embaixo.

A primeira resposta foi de um empresário que atuava no setor de compra e venda de carros usados, mas que migrou para o setor ótico e hoje é proprietário do Magnus Laboratório Óptico.

Ronaldo Guedes Alcoforado Júnior, 38 anos, faz um relato dramático dos problemas que vive no pós-pandemia.

“A queda nas vendas e produção está sendo de quase 40%. O mercado parado no centro da cidade. Óticas fechando e demitindo funcionários. No meu laboratório a demissão foi de dois funcionários e estou buscando alternativas de vendas no interior do estado”, ele conta.

Este ano, segundo a pesquisa, o estado mais bem posicionado no Nordeste foi pela segunda vez consecutiva o Ceará, que ficou na 12ª colocação geral, mesmo assim, duas posições abaixo em relação a 2020.

Enquanto o Rio Grande do Norte também perdeu duas colocações, Bahia e Maranhão mantiveram-se estáveis; Piauí foi o estado que mais evoluiu, saltando da 26ª para a 20ª posição. Alagoas também subiu duas colocações e agora é o segundo melhor estado da região.

Para o empresário Adelino Marinho, dono da Mercatto, a falta de competitividade do RN tem vários motivos, mas o principal são as alíquotas de ICMS sobre diferentes produtos, que fazem das compras diretas feitas em São Paulo e mesmo no vizinho estado da Paraíba muito mais vantajosas para atacadistas, varejistas e até pessoas físicas.

“Tudo aqui fica mais caro e pouco competitivo e nada indica que mudaremos isso no médio prazo”, afirma.

Mesmo assim, Marinho, que tem domicílio em Natal e Miami e neste momento está lá, já prepara as malas de volta a Natal, onde em breve inaugura a nova loja de sua operação em Ponta Negra.

Fonte: Agora RN
Foto: Tânia Rêgo/Agência