Senador potiguar Styvenson Valentim afirma que é legal comer e pagar com dinheiro do povo, mas considera “imoral”.

“É a farra do dinheiro público. Agora eu não vou falar aqui especificamente apenas sobre o que eu acho do deputado [General Girão] não, porque essa prática aí de comer bem às custas do poder público, não acontece apenas no parlamento não. Acontece na justiça, nas estatais e em todos os lugares”. E refletiu: “Mas, em um país que cerca de 30 milhões de pessoas vivem com 1.100 reais, e outras 25 milhões de pessoas vivem com menos de 1/4 desse valor por mês. Então eu acho que não só os parlamentares, mas toda essa classe pública, que vive de privilégios, está desconectada com a realidade que o Brasil vive. Mas essa prática não é ilegal, é prevista pela Constituição, pode ser imoral, mas ilegal não é”. Foi com essas palavras que o senador da República Styvenson Valentim (Podemos), se revoltou a respeito dos gastos excessivos com as cotas parlamentares que parlamentares utilizam.

Segundo dados do Portal da Transparência do Senado Federal, de janeiro a outubro de 2021, o senador Styvenson não gastou sequer um centavo da sua cota parlamentar, que geralmente é usada pelos políticos para cobrir custos com alimentação, hospedagens, locomoção e combustíveis.

Em contraponto está o deputado federal General Girão (PSL), que em uma matéria recente publicada neste jornal, revelou a polêmica da farra da picanha com dinheiro público que o deputado promoveu.

Além de comer picanha e salmão com dinheiro de cota parlamentar, Girão usou o recurso público para se hospedar em resort de luxo no município de Tibau do Sul. Em maio passado, ele passou um final de semana hospedado no Hotel Marinas, entre os dias 7 e 9 de maio, o que custou aos cofres públicos o total de R$ 798 apenas em duas diárias do resort.

Apesar disso, o General Girão, recebe um salário de R$ 33.763,00 como deputado federal e R$ 28.161,36 como general da reserva do Exército Brasileiro, tem uma alimentação bastante rica em proteínas, com preferência por picanha premium, bifes especiais, salmão e peixes com molhos gourmet e sobremesas.

Segundo Styvenson, em entrevista concedida nesta segunda-feira (18), ao Jornal Agora RN: “Não cabe aqui destacar o nome do deputado General Girão, porque se fosse apenas ele o mundo estava fácil, porque se fosse apenas o deputado Girão estava fácil de resolver, a gente conversava com ele, e pedia para que parasse com isso, mas não, acontece nos tribunais, no STF, STJ na presidência da República”, explicou.

O senador recorda de um “banquete” que teve na casa do presidente do senado: “É coisa de rei. Eu só me lembrava da Revolução Francesa, sinceramente é o povo tudo morrendo de fome, sem ter o que comer, do lado de fora e no Palácio de Versalhes os reis, a família real comendo bem”, analisou.

Segundo o senador Styvenson quando eu era policial “zelava pela coisa pública” e “buscava a eficiência” e “não seria diferente agora na política”.

Segundo dados divulgados pelo Jornal Metropoles, obtidos por meio do Portal de Transparência da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do início da legislatura até o último dia 30 de setembro, mostra que os congressistas gastaram, no período, ao menos, R$ 1.461.316,10 com alimentação, em valores reembolsados pela cota parlamentar – que varia conforme o estado de origem, pois serve para bancar diversas despesas, que vão de passagens aéreas até alimentação.

Fonte: Agora RN
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