Em termos de energia limpa, se a produção eólica em terra no RN é hoje de 6,1 gigawatts, no mar ela teria capacidade de atingir 140 GW, ou seja, 25 vezes mais que em terra.

A partir de agora até 2026 o Rio Grande do Norte já tem captados R$ 13 bilhões em projetos de geração de energias renováveis e está na dianteira no Brasil, para ser a primeira a instalar aerogeradores de energia eólica em sua costa, em alto mar.

Em termos de energia limpa, se a produção eólica em terra no RN é hoje de 6,1 gigawatts, no mar ela teria capacidade de atingir 140 GW, ou seja, 25 vezes mais que em terra. Isso equivale ao que produz dez hidrelétricas de Itaipu.

Esses são números promissores em meio a uma crise hídrica e energética que já mexe com o bolso de milhões de brasileiros. Mas, para o secretário de Desenvolvimento Econômico do RN, Jaime Calado, é apenas o indicador de onde está o maior potencial de crescimento do estado.

“É nesse sentido da bússola que está o nosso Norte”, resumiu ele, ao Agora RN, nesta segunda-feira 6, depois de uma semana cheia de contatos que se seguiram à presença da comitiva da governadora Fátima Bezerra a COP-26 de Glasgow, em fins de outubro.

Jaime Calado acompanhou tudo de perto e não tem dúvida que foi a série de encontros mais produtiva que ele já teve na vida e “olha que eles foram muitos”, lembra.

Entre os frutos, um memorando celebrado com a empresa dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners (CIP/COP) para o desenvolvimento do projeto Alísio Potiguares para a geração de 1,8 gigawatts de energia eólica offshore e a produção de hidrogênio verde.

Graças ao apoio dado pelo embaixador do Brasil na Dinamarca e na Lituânia, Rodrigo de Azeredo Santos, a comitiva da governadora Fátima Bezerra fechou um acordo com Vestas Wind Systems para investimentos em novas energias no Rio Grande do Norte.

A reunião, em Copenhague, tratou especificamente de portos, eólica offshore e hidrogênio verde, com a ativa participação dos dinamarqueses na transferência de conhecimento e tecnologia.

Ficou definida, por exemplo, uma cooperação internacional para o dimensionamento do porto-indústria que está sendo planejado pelo estado para atender o futuro setor eólico offshore e de produção de hidrogênio verde.

“Serão visitas técnicas, que nos ajudarão a atender as necessidades da indústria eólica e demais fontes renováveis aqui no RN”, explica Jaime Calado.

“Faltava só a concordância da Vestas para finalizar o acordo e agora não falta mais”, acrescentou o secretário.

De maneira mais imediata, esse acordo implicará na ampliação de uma estrutura que a Vestas já tem em Parnamirim para manutenção de aerogeradores voltada exclusivamente para o estado.

“Estamos debatendo com a empresa a ampliação dessa estrutura para atender inicialmente toda a região Nordeste e depois todo o país, aumentando os postos de trabalho para os potiguares”, diz Jaime Calado.

Ao adiantar-se na corrida para produzir energia eólica em alto mar, o secretário lembra que as vantagens competitivas do RN em relação à Europa são enormes.

“Nossa costa a 20 km de distância da terra tem de 10 a 20 metros de profundidade, enquanto que na costa européia, em geral,, a profundidade das águas a 10 km de distância na terra é de 200 metros de profundidade”, assinala.

Outro fator que favorece essa relação, segundo ele, é que o vento por aqui é unidirecional, o que favorece o que os técnicos chamam de fator de capacidade produzido por esse vento.

“Tudo aqui é melhor e mais barato, só que esse debate estava sendo colocado para mais tarde, tendo em vista a capacidade que ainda existe para a exploração eólica onshore (em terra). Só que resolvemos antecipar esse debate para sair na frente”, afirma o secretário.

E o primeiro passo para atrair novos investimentos, além dos já assegurados para os próximos seis anos, é a conclusão, até março próximo, do Atlas Eólico e Solar do Rio Grande do Norte, que medirá com exatidão a direção e a velocidade dos ventos a partir de uma torre de 150 metros de altura no município de Pedra Grande, próximo de João Câmara.

Hoje, as eólicas atenderam mais de 75% da carga do Nordeste durante mais de 60% do tempo, e foram responsáveis por quase toda a carga da região (acima de 90%) em 30% do tempo.

A preocupação agora, segundo Jaime Calado, é antecipar ao máximo o debate sobre as linhas de distribuição de energia quando os investimentos começarem a dar frutos.

Fonte: Agora RN
Foto: José Adenir