Os agricultores Eze Vieira e Wanderlan Araújo criam animais para ordenha e abate, plantam alimentos e ainda utilizam técnicas de reaproveitamento na pequena propriedade.

No Sítio Mangangá, na zona rural de Assú, no Oeste potiguar, uma família que vive e produz em uma área de 0,36 hectares virou exemplo para a comunidade de Olho d’água do Mato. O local parece pequeno, mas surpreende diante da produtividade.

Na propriedade todos os espaços foram pensados para abrigar as atividades rurais. O casal de agricultores Eze Vieira e Wanderlan Araújo conta que o terreno foi adquirido em 2015.

De lá pra cá, a área deixou de ser apenas um local de descanso para se tornar um verdadeiro exemplo de propriedade rural autossustentável.

“A gente sempre gostou da vida do campo. A ideia foi inicialmente de criar cabras, fomos criando, adquirindo o terreno e fomos projetando a propriedade para descanso e a gente foi projetando os espaços, construção da casa, as galinhas e a plantação para alimentar os animais”, contou Eze Vieira, agricultora.

E tudo na propriedade está conectado. Todos os dias, Wanderlan vai até o curral tirar o leite das cabras. Para ele, os animais de pequeno porte são melhores para a lida diária.

Com um rebanho de 22 cabras, sendo 16 em lactação, o produtor chega a retirar uma média de 20 litros de leite por dia. A produção é vendida para a Apasa, uma associação de laticínios que fica no município de Angicos.

Por enquanto, a ordenha é feita de forma manual, mas o produtor já começou o processo para comprar uma ordenhadeira mecânica, que deve facilitar o trabalho.

Cuidados com os animais
No sítio de Eze e Wanderlan, todas cabras são batizadas de um jeito bem diferente. Os animais nascidos no mesmo ano são identificados pelos mesmos temas. Em 2019, por exemplo, todas as cabras que nasceram tinham nomes de atrizes e modelos.

“Em 2020 foram plantas da caatinga, 2022 foi animais de desenho animado, como nasceram miney, margaria. E uma maneira que a gente encontrou de saber a idade do rebanho”, explica Wanderlan Araújo.

O cuidado com os animais não fica só no nome. A maior parte do alimento deles é produzido na propriedade. O esterco dos bichos se transforma em adubo para a plantação de capim e palma forrageira, além de um banco de proteínas.

São plantas ricas em nutrientes que ajudam no desenvolvimento do rebanho: a moringa e a flor de seda, por exemplo. Com a pouca oferta de água, as plantações são irrigadas por gotejamento. A água que vem pras plantas também é rica em nutrientes, graças a fossa biodigestora construída no quintal da casa.

“É gratificante, porque a gente tá vendo que uma propriedade de 0,36 hectares pode ser produtiva. não é o tamanho que vai determinar a produção. a gente adaptou a produção ao tamanho que a gente tem e a disponibilidade de água que a gente tem hoje. A gente está com uma proposta pra conseguir o poço. Com esse poço, a gente vai ter como plantar mais pra fazer o suporte forrageiro”, conta Eze.

Crédito rural
Os financiamentos voltados para a agricultura familiar estão ajudando os produtores a realizarem os sonhos de ver o sítio ainda mais produtivo. Foi com um empréstimo que eles conseguiram construir também um galinheiro, em 2020. O investimento deu tão certo que eles conseguiram quitar antes do prazo previsto. Atualmente, são produzidos cerca de 720 ovos por semana, vendidos no mercado local.

Nos últimos anos, o planejamento tem sido fundamental para o sucesso das atividades que são desenvolvidas no sítio. Um galpão de aves, por exemplo, foi o último projeto a ser concluído, no começo de 2021. Os produtores já estão pensando mais longe. Já tem projeto sendo planejado para 2024.

É a implantação de uma queijeira especializada em queijo de cabra. Segundo Wanderlan, o mercado para esse tipo de queijo ainda é pouco explorado e pode ser uma ótima oportunidade de negócio.

“É um nicho no mercado que não é bem abastecido. Hoje você procura um queijo de cabra mercado, ou tem que vir de fora ou é importado e caríssimo. Então a gente viu essa necessidade. Já estamos fazendo cursos de queijo para agregar valor à atividade”, conta o agricultor.

Se depender da força de vontade do casal, a pequena propriedade ainda vai produzir muita coisa boa.

Fonte: G1 RN