Dirigentes iniciarão reuniões nos estados para discutir conflitos regionais; no RN, partidos caminham juntos politicamente.

Com impasses regionais, os dirigentes do PT e do PSB reuniram-se pela primeira vez em 2022 na última quinta-feira (20) e decidiram encaminhar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), um pedido de ampliação de prazo para que possam fechar uma eventual federação partidária. O TSE já tinha definido que os partidos devem apresentar até 1º de março solicitações para formarem as federações.

O prazo é considerado exíguo pelo PT e PSB, que ainda precisam resolver pendências sobre candidaturas em alguns estados. Para fechar a federação, que poderá reunir as duas legendas, além de PCdoB e PV, o PSB quer que o PT apoie seus candidatos em ao menos cinco estados: São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Acre. O estado mais problemático é São Paulo. Nem o PT está disposto a abrir mão da candidatura de Fernando Haddad (PT-SP) nem o PSB abrir mão de lançar Márcio França (SP).

Nos outros estados, como no Rio Grande do Norte existem maiores chances de haver acordos. Por isso, as siglas querem prazo pelo menos até junho para requisitarem a formação da federação. Tanto Gleisi como o presidente do PSB, Carlos Siqueira, argumentam que o período aprovado anteriormente pelo Congresso Nacional era maior.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), informou que os advogados de cada legenda já preparam o documento que deverá ser apresentado na próxima semana. A ideia é fazer valer o que diz o projeto aprovado pelo Congresso, que define a formação da federação para depois das convenções partidárias. Uma norma editada pelo presidente ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no fim do ano passado, estabeleceu o dia 1º de março como prazo limite para o pedido de reconhecimento da federação.

Na opinião dos dirigentes, essa norma atropela o “prazo da política”, já que as decisões precisam ser homologadas em cada partido e ainda pelo conjunto das legendas que pretendem compor a federação.“O prazo de 1º de março é contraditório ao que a lei da federação estava prevendo. O tempo da política não pode ser dado pelo tempo burocrático”, disse Gleisi, após reunião na sede do PSB.

De acordo com informações, os presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSB, Carlos Siqueira, que se reuniram nesta quinta-feira em Brasília, pretendem entrar com a ação até a próxima segunda-feira (24). “Esta não foi uma reunião de definição, mas uma reunião de conversas e entendimentos. O que ficou claro é que a gente tem a disposição de construir a federação (…). Mas o tempo da política não pode ser dado pelo tempo burocrático do TSE”, afirmou Gleisi.

Além de Gleisi e Carlos Siqueira, participaram do encontro o secretário nacional do PT, deputado Paulo Teixeira, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) e o ex-governador de São Paulo Márcio França (SP). Ele saiu do encontro antes dos demais e afirmou que não pretende desistir da candidatura em prol de Haddad.

No RN, Rafael Motta tem interesse na federação com PT para facilitar sua reeleição

O deputado federal e presidente estadual do PSB, Rafael Motta já tinha declarado com exclusividade ao AGORA RN, na semana passada, que conta com a possível federação formada entre o PT e o seu partido – o PSB. Motta foi enfático ao afirmar que, no Rio Grande do Norte, as duas legendas já vivem praticamente em uma federação partidária.

“A federação é uma evolução das coligações partidárias, na qual os partidos se unem para além do período eleitoral, compartilhando o mandato durante os quatro anos seguintes. Por isso, eu fui favorável à sua criação quando da deliberação na Câmara dos Deputados e no partido. A possível formação de uma federação entre o PT e o PSB vai formalizar uma situação que já vivemos no Rio Grande do Norte”, frisou Rafael, no início desse ano.

Na última quinta-feira (20), os dirigentes Gleisi Hoffmann (PT) e Carlos Siqueira (PSB) se reúnem em Brasília e defendem aliança em torno de Lula, mas diferenças estaduais seguem sobre a mesa. Diante disso, PT, PSB e outros partidos (como PCdoB e PV) avaliam acionar o Tribunal Superior Eleitoral para prorrogar o prazo de oficialização das federações. A percepção é de que o limite de 1º de março inviabiliza a resolução das diferenças nos estados. Sem essa possibilidade, o PSB do Rio Grande do Norte terá que refazer contas.

Fonte: Agora RN
Foto: Luis Macedo Câmara dos Deputados