Relatório de 211 páginas acusa o governo israelense de submeter palestinos a um sistema de segregação que equivalem a crimes contra a humanidade. Israel acusa ONG de anti-semitismo.

A Anistia Internacional publicou nesta terça-feira (1º) um relatório de 211 páginas no qual acusa o governo de Israel de submeter os palestinos a um sistema de apartheid baseado em políticas de “segregação, expropriação e exclusão” que equivalem a crimes contra a humanidade.

O documento da Anistia Internacional, uma ONG de direitos humanos com sede em Londres, acusa o governo israelense de praticar uma política de segregação de palestinos e árabes israelenses, descendentes dos palestinos que permaneceram no país após a criação do Estado hebraico em 1948.

A ONG diz que a conclusão é baseada em pesquisas e análises legais em um relatório sobre a apreensão israelense de terras e propriedades palestinas, assassinatos ilegais, transferência forçada de pessoas e negação de cidadania.

A Anistia Internacional não é a primeira organização a acusar o governo de Israel de apartheid. Em abril de 2021, a Human Rights Watch (HRW), uma outra ONG internacional de defesa de direitos humanos, com sede nos Estados Unidos, publicou um relatório com conclusão semelhante.

Em 2017, uma agência das Nações Unidas publicou um relatório que dizia o mesmo. A Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental da ONU concluiu que “Israel estabeleceu um regime de apartheid que domina a população palestina como um todo”.

Israel reage
O governo de Israel disse que o relatório “consolida e recicla mentiras” de grupos de ódio e foi projetado para “despejar combustível no fogo do anti-semitismo” e acusou a Anistia Internacional de usar “duplos padrões e demonização para deslegitimar Israel”.

Na segunda-feira (31), o chefe da diplomacia israelense, Yair Lapid, pediu à ONG que não publicasse o relatório. “Israel não é perfeito, mas é uma democracia ajustada ao direito internacional, aberta a críticas”.

“A Anistia costumava ser uma organização valiosa que todos nós respeitávamos. Hoje é exatamente o oposto”, disse Lapid, que acusou a ONG de “não ser uma organização de direitos humanos, mas uma organização radical”.

Agnès Callamard, secretária-geral da ONG, rejeitou as acusações de antissemitismo. “O relatório é resultado de quatro anos de trabalho, pesquisa e comprometimento com a base do movimento Anistia. Temos 70 seções no mundo representando 10 milhões de pessoas que apoiam este relatório”.

“Criticar as práticas do Estado de Israel não é de forma alguma uma forma de antissemitismo. A Anistia denuncia fortemente o antissemitismo”, disse Callamard. “Denunciamos o antissemitismo de muitos líderes em todo o mundo”.

Fonte: G1 Mundo
Foto: Reuters