A pré-candidata a deputada federal Samanda Alves (PT) entrou com uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Fábio Faria (PSD) e o deputado federal General Girão (PSL), por campanha eleitoral antecipada. Para ela, a visita oficial realizada nesta terça e quarta-feiras, 8 e 9, pela comitiva do Palácio do Planalto, ao Estado do Rio Grande do Norte tem claro viés eleitoral.
Em entrevista exclusiva ao AGORA RN, nesta quinta-feira 10, Samanda explicou que o evento, em alusão às obras de transposição do Rio São Francisco. O projeto, no entanto, já tinha sido executado em mais de 96% antes de sua gestão, segue inacabado e a única água que chega é a da chuva que atingiu o Rio Piranhas. E que incluiu a fala do ex-senador Magno Malta, que afirmou: “é preciso reconduzir o presidente ao poder, à reeleição”.
“Me diga se isso não é campanha eleitoral fora de tempo e ainda com uso de recursos públicos?”, questionou Samanda.
AGORA RN: Pode explicar detalhadamente seus motivos para a representação junto ao MPE, contra o presidente Bolsonaro, o ministro Fábio Faria e o deputado Girão (PSL)?
Samanda Alves: Primeiro, quero destacar que estou cumprindo o meu dever de cidadã, acompanhando o uso dos recursos públicos. Nesse caso, levei ao conhecimento do Ministério Público Eleitoral, órgão que tem o dever e a competência de fiscalizar os fatos apontados, falas explícitas de pedido de voto. As pessoas que estavam presentes no evento, foram convidadas para prestigiarem uma “inauguração” e acabaram por assistir um verdadeiro comício. Foi dito por auxiliares do presidente (Fábio Faria), que o projeto é reelegê-lo. No palanque, foi pedido abertamente para que o povo fosse grato e reconhecesse em breve as ações de Bolsonaro e ele próprio pediu “um voto de confiança”. Minha iniciativa é um gesto didático, para que a população acompanhe o processo eleitoral que se aproxima, não permitindo abuso de poder econômico, e assim garantindo que tenhamos eleições menos desiguais.
AGORA RN: Além de campanha antecipada, a senhora também pede a investigação do uso de dinheiro público e verbas da União em campanha antecipada de Jair Bolsonaro (PL) em Jucurutu? Explique em detalhes.]
Samanda Alves: O próprio presidente Bolsonaro afirmou que toda a estrutura do evento era custeada pelo Cartão Corporativo da União. Trata-se de um claro abuso de poder político e econômico! Veja, eu não estou dizendo que o ministro e o presidente não podem fazer campanha, ocorre que neste momento, não é permitido fazer comício eleitoral, e caso fosse permitido, teria que ser custeado com verba para esse fim, e não com recursos públicos. O presidente e seus auxiliares não estão acima da Lei. Pelo contrário, deveriam ser exemplo para a população. No momento difícil que atravessamos, de desemprego, fome, o que a população potiguar assistiu essa semana foi a um show de ostentação com dinheiro público. Um aparato de avião, helicópteros, dezenas de carros, sem falar na quantidade de auxiliares do Governo, com passagens e diárias. Isso para organizar a inauguração de uma obra? Não! Para um evento eleitoral, um comício, custeado pelo povo.
AGORA RN: A senhora vai incluir o ex-senador Magno Malta? Qual o motivo?
Samanda Alves: Já fiz a inclusão. Protocolei na manhã desta quinta-feira 10, um aditivo à Representação protocolada ontem, com a inclusão da fala do Magno Malta. Em sua fala, o ex-senador diz que é preciso reconduzir o presidente ao poder, a reeleição. Me diga se isso não é campanha eleitoral fora de tempo e ainda com uso de recursos públicos?
AGORA RN: Porque a senhora considera “comício” o evento realizado em Jucurutu, Barragem de Oiticica?
Samanda Alves: Pelos motivos que citei anteriormente, declarações explícitas de apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro com aclamação para que o povo reconheça e seja grato pelo trabalho dele. Tudo isso em um cenário estratégico. Um palanque cheio de políticos, alinhados ideologicamente, falando em reeleição, pedindo voto. O que vimos foi um comício. Ou você acha que não?
AGORA RN: Como a senhora pretende justificar a representação feita ao MPE?
Samanda Alves: Usamos os vídeos veiculados nas redes sociais, e a transmissão pelo canal oficial de TV e internet do Governo Federal.
“Tentam nos calar na Justiça. Não vão nos intimidar”, diz Girão
Em resposta à ação da denúncia por propaganda eleitoral e abuso de poder político, ao MPE, o deputado federal General Girão (PSL) se manifestou por meio de suas redes sociais afirmando que, “tentam nos calar com ações superficiais na Justiça Eleitoral. Não vão nos intimidar! A verdade libertou o povo do Rio Grande do Norte”, disparou.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não recebeu resposta até o fechamento desta edição. Já os assessores de comunicação dos ministros Fábio Faria (PSD) e Rogério Marinho (PL), limitaram-se a informar que, “os ministros não irão se manifestar” sobre o assunto.
Fonte: AgoraRN
Foto: Reprodução
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