O Conselho Superior da Rússia — equivalente ao Senado — aprovou o envio de tropas às recém-reconhecidas República Popular de Donetsk e República Popular de Luhansk, no leste da Ucrânia. A autorização vem um dia após Putin reconhecer os territórios separatistas como Estados independentes. 

Putin prometeu enviar “tropas de paz” a Donetsk e Luhansk, a fim de garantir que o território dos dois “países” — que na definição russa envolve uma área ocupada por militares ucranianos — não fosse violado. Após a autorização do Legislativo nesta teça-feira, 22, no entanto, Putin afirmou que uma eventual entrada do Exército em território ucraniano depende da situação “no terreno”.
Em uma série de declarações, o líder russo afirmou que os acordos de Minsk, negociados entre 2014 e 2015 para encerrar as hostilidades entre o governo ucraniano e os separatistas do leste do país, “já não existem”, disse estar pronto para discutir a desmilitarização da Ucrânia e argumentou que a “melhor solução” para acabar com a crise envolvendo o país seria a desistência do plano ucraniano de se juntar à Otan.

Segundo o presidente norte-americano, Putin “explicitamente ameaçou guerra” caso o Ocidente não siga suas demandas de segurança “extremas” e “atacou diretamente o direito de existir da Ucrânia”, e por isso a comunidade internacional deve responder firmemente, na sua visão.
Para Biden, Putin “afirmou bizarramente” a independência das autoproclamadas República Popular de Donetsk e Luhansk, de maioria étnica russa e que vivem separadas do resto da Ucrânia desde o último conflito em 2014.
Biden disse acreditar que a Rússia escalará as agressões no Leste Europeu, o que será respondido com mais sanções ou a ampliação das já definidas, segundo ele. Os EUA ainda decidiram aumentar a presença militar na região ao redor para proteger o território de membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). 

Fonte: Tribuna do Norte

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“A melhor solução para essa questão seria que as autoridades atualmente no poder em Kiev desistissem de ingressar na Otan por conta própria e se mantivessem na neutralidade”, disse Putin, voltando a um dos primeiros pontos de impasse nas negociações com o bloco ocidental – que não aceita firmar um compromisso que limite a política de “portas abertas” da Otan.No Conselho Superior da Rússia, a autorização para envio das tropas foi aprovada após um debate relâmpago, por unanimidade.
“As negociações pararam. A liderança ucraniana tomou o caminho da violência e do derramamento de sangue”, disse o vice-ministro da Defesa, Nikolai Pankov, durante a sessão parlamentar.  “Eles não nos deixaram escolha”, acrescentou, alegando que havia “veículos blindados pesados” da Ucrânia em frente a Donetsk e Luhansk.

Donbass 

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse ontem, que a Rússia reconheceu a independência das regiões controladas pelos rebeldes dentro das fronteiras que os separatistas proclamaram originalmente quando se separaram da Ucrânia em 2014. A declaração da Rússia pode levar a tentativas de expandir a região separatista pela força.
Na prática, é a primeira vez que a Rússia diz que não considera Donbass como parte da Ucrânia. Isso poderia abrir caminho para Moscou enviar forças militares para as áreas separatistas abertamente, usando o argumento de que está intervindo como um aliado para protegê-los contra a Ucrânia – algo que Putin já está fazendo, ao designar as tropas russas como uma “missão de paz”.
No passado, Moscou recuou do reconhecimento, preferindo exercer controle indireto e usar os territórios como ponta de lança em suas disputas mais amplas com a Ucrânia e o Ocidente. O reconhecimento provavelmente trará dois grandes resultados iniciais. Primeiro, o colapso dos acordos de Minsk e as esperanças de envolver o status da região numa solução diplomática para o conflito na Ucrânia.
Em segundo lugar, daria ao Kremlin uma justificativa para enviar tropas e equipamentos militares russos aos territórios. Isso provavelmente aumentaria o risco de um conflito total entre Moscou e Kiev ao longo de uma linha de frente já ativa. 

Alemanha suspende licença de gasoduto 

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou que tomou medidas para interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, principal obra de infraestrutura energética do país, que transportaria gás natural da Rússia para o país. O anúncio vem um dia depois de Vladimir Putin autorizar tropas russas a entrarem em território ucraniano, nas regiões de Donetsk e Luhansk, recém-reconhecidas pelo Kremlin como Estados independentes.
Scholz declarou a repórteres em Berlim que seu governo estava tomando a medida em resposta às ações russas na Ucrânia. “Isso pode soar um pouco técnico, mas é a etapa administrativa necessária para que não haja certificação do gasoduto e sem essa certificação, o Nord Stream 2 não pode começar a operar”, disse ele, em fala registrada pelo The Moscow Times.
A decisão alemã sobre o gasoduto — principal alvo de críticas dos EUA e de aliados europeus à Alemanha, que acusam a obra de infraestrutura de aumentar a dependência energética da Alemanha pela Rússia — é a primeira medida mais contundente de Berlim contra Moscou, enquanto autoridades da europa discutem outras formas de pressionar o Kremlin.
A Ucrânia saudou a decisão da Alemanha de suspender a certificação do gasoduto como uma questão moral, escreveu o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba.

Joe Biden anuncia sanções financeiras

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em pronunciamento a primeira leva de sanções aplicados por seu governo á Rússia, após o mandatário russo Vladimir Putin reconhecer a independência de duas regiões no leste da Ucrânia e ordenar a entrada de tropas no local. Segundo Biden, os EUA vão impor “sanções bloqueadoras” aos bancos VEB e o banco militar da Rússia, além de cortar o financiamento ocidental da dívida soberana do país junto com aliados europeus.

Fonte: Tribuna do Norte

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