O ministro das Comunicações, Fábio Farias, não precisou esperar até o final do mês para – mesmo liderando as intenções de votos a uma das vagas ao Senado nas próximas eleições pelo RN – sair de cena com uma noção mais apurada de seu futuro pessoal.

Um futuro menos arriscado e mais feliz para um homem que, aos 44 anos, já conseguiu quase tudo que alguém que migrou rápido do petismo para o bolsonarismo, mas sabedor que feridas biográficas cicatrizam, poderia almejar.
Ele negou até o último momento que iria desistir, mas alegando razões pessoais – a família, que precisa mais de sua atenção – fez alguns cálculos e, no fim das contas, foi sensato.

Contemplou a própria juventude bem sucedida e pensou no pai (o ex-governador Robinson Faria), para quem ele pretende transferir seus votos à Câmara Federal.

De resto, é aproveitar os contatos privilegiados para viver uma nova etapa de vida na iniciativa privada.

Ao abrir mão da vaga ao Senado em favor de Rogério Marinho, Fábio mata vários coelhos com uma só cajadada: pacífica seus domínios; facilita as coisas para o pai e não cria um problema adicional para Bolsonaro, que tem citado mais Rogério Marinho do que ele em suas redes sociais, segundo recente levantamento da Arquimedes encomendado pelo O Globo.

Sem falar que ganhou mais tempo para consolidar o projeto do 5G, fundamental para seu futuro na iniciativa privada e na política.

Além disso, Fábio Faria também se importa com a família.

A manutenção política de seu pai, que enfrenta um processo por obstrução de Justiça no caso de desvios de recursos na assembleia legislativa do RN, requer dele uma atenção especial.

O processo foi suspenso em junho do ano passado pelo ministro Dias Toffoli, do STF, mas o Ministério Público vem trabalhando para trazer o caso de volta à primeira instância.

No fim do ano, Tóffoli foi recebido por Fábio em sua casa de praia, o que gerou um falatório danado, já que o ministro em questão é o relator de casos no governo Bolsonaro no STF.

Com a disputa eleitoral entre Bolsonaro e Lula indicando um possível segundo turno e o Nordeste ser a região onde o presidente enfrenta a maior rejeição do país, obras como a transposição do Rio São Francisco catapultaram as intenções de Rogério Marinho ao Senado. É um fato.

Hoje, ele lidera o ranking de menções no Twitter de Bolsonaro (Fábio está em sétimo lugar), com seus 7,3 milhões de seguidores. A rede é usada para divulgar as inaugurações do governo federal e de seus ministérios.

Segundo apurou a Arquimedes, além de ser o mais citado, Rogério Marinho aparece nas três postagens feitas por Bolsonaro sobre a ajuda a Petrópolis com 36 mil curtidas e sete mil compartilhamentos.

Já os posts presidenciais sobre a transposição do rio São Francisco, citando o ministro do Desenvolvimento Regional, tiveram mais de 30 mil curtidas e milhares de compartilhamentos.

Cilada

O novo presidente do TRE, Edson Fachin, não sabe, mas está caindo numa armadilha engendrada por Bolsonaro, que preferiu nesta terça-feira à noite dar cartaz aos desocupados do cercadinho a prestigiar a posse do ministro.

Depois de ser desaconselhado a falar mal da vacinação pela elementar perda de votos que isso traz, o presidente só tem o Supremo e a Justiça Eleitoral para bater com o objetivo de manter viva a sanha de seus fanáticos.

Outro erro que Fachin comete é falar demais em possíveis invasões hacker, deixando de lembrar que as urnas eletrônicas são seguras justamente por não estarem conectadas à WEB, por onde os intrusos entram.

Dragão inflacionário

Mostrando que a inflação é sempre boa para os ricos, investidores estrangeiros voltaram com força total ao Brasil por conta dos juros altos após sucessivas altas da taxa básica de juros (a Selic).

Isso faz lembrar o país de antigamente (não tão antigamente assim), quando viver de renda era a grande justificativa para quem ganhava dinheiro fácil continuar ganhando dinheiro fácil. Um tempo em que a inflação era simbolizada por um dragão cuspidor de fogo.

De novo o FGTS

Se o ex-presidente Michel Temer deu , por que Bolsonaro não daria? Assim, o governo prepara uma nova rodada de saques de beneficiários do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A medida, porém, deve ser anunciada só depois do carnaval. A ideia é de que cada trabalhador possa sacar até R$ 1 mil.

A ação pode alcançar 40 milhões de pessoas e injetar até R$ 30 bilhões na economia ainda este ano, ajudando a população pobre a ver Bolsonaro com olhos um pouco mais generosos.

Fonte: AgoraRN

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.