O PSOL abdicou da disputa do governo de São Paulo para fortalecer a pré-candidatura do Lula a presidente da República pelo PT, mas de passagem por Natal, nessa quarta-feira (23), o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros, disse que essa postura não será levada a todos os estados, como no Rio  Grande do Norte, onde o partido terá candidatos próprios a governador e senador. “O PSOL respeita muito a autonomia de cada local e a dinâmica que o partido adota no seu processo de construção, não há uma imposição do diretório nacional, pra que todo estado siga uma mesma  tática”, afirmou.

Mas, Juliano Medeiros disse que “há limites do que se pode e não se pode fazer “, como a proibição de alianças com partidos da base do governo Bolsonaro, mas com partidos do campo das oposições de esquerda e centro-esquerda, “as alianças do PSOL estão autorizadas previamente, de modo que cabe a cada diretório estadual, definir onde é conveniente e onde é possível”. 
Em almoço com a governadora  Fátima Bezerra (PT), Medeiros comunicou que o PSOL vai seguir com a pré-candidatura de Daniel Morais (presidente da Executiva) e do vereador Robério Paulino, respectivamente, a governador e senador da República, no primeiro turno das eleições, mas garantiu que num eventual segundo turno, o partido deve apoiar o projeto político de reeleição da governadora do Estado: “O PSOL reconhece méritos no seu governo e,  no caso de não estarmos no segundo turno,  estaremos ao lado da governadora para derrotar o retrocesso”, disse Juliano Medeiros.
Segundo Medeiros, a governadora confidenciou “a tendência forte” de contar com o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo (PDT), como candidato a senador na chapa majoritária da situação, “como parte de um movimento importante para dividir o campo de partidos que estavam na oposição a ela”, mesmo reconhecendo o papel importante que o senador Jean Paul Prates (PT-RN) teve “no processo que substituiu dela no Senado, mas considera que a presença do Carlos Eduardo na chapa majoritária é uma movimentação tática importante”.
O presidente nacional do PSOL descarta, ainda, que a eleição presidencial possa ser definida em primeiro turno. “Falando mais como cientista político mesmo e menos como dirigente partidário, acho que dificilmente a eleição se resolve no primeiro turno e mais, acho temerário que a esquerda e setores democráticos alimentem ilusões em torno de uma possível vitória no primeiro turno, porque desarma a militância e pode criar uma expectativa de já ganhou e de que a eleição já está resolvida”, alertou.
Para Juliano Medeiros não se pode menosprezar o potencial político-eleitoral de Jair Bolsonaro, que é presidente de um país com uma das maiores economias do planeta, “tem em nas suas mãos o controle do orçamento secreto, que são bilhões de reais distribuídos com seus aliados nos estados, promoveu o aumento do piso do magistério e promete aumentar salários de várias corporações que são decisivas na disputa política brasileira e está despejando quase  R$ 90 bilhões através do Auxílio Brasil, que  vai ter um impacto na percepção do eleitorado”.
Além disso, Juliano Medeiros considera como impactante na cabeça do  eleitor, a renegociação em até 90% do Fies. “Ou seja, Bolsonaro tem margem para recuperar terreno na eleição, apesar da inflação, da fome e do desastre que é o seu governo na gestão pública e do impacto que até a guerra Ucrânia-Rússia vai ter na perspectiva da retomada da economia no Brasil e no mundo”, afirmou o presidente do PSOL.
Por isso, Juliano Medeiros diz que “não subestima de forma alguma o presidente indo pra reeleição, sempre no Brasil, desde que se instaurou a reeleição, os presidentes de reelegeram”.
Juliano Medeiros iniciou o giro “PSOL pelo Brasil” pelo Nordeste em Natal. Nesta quinta (24) está em  João Pessoa  (PB), no domingo (27) em Maceió (AL) e na segunda (28) em Aracaju (SE).

Fonte:Tribuna do Norte

Foto: Adriano Abreu