Rio, 24 (AE) – Faltando ainda quase oito meses para a Copa do Mundo do Catar, a seleção brasileira se despediu dos estádios do País na noite desta quinta com festa. Se a atuação não foi uma primazia ao logo dos 90 minutos, a goleada por 4 a 0 sobre o Chile ao menos foi inconteste e deu ao torcedor que lotou o Maracanã a esperança de que o time pode, sim, sonhar com o hexa no fim do ano.

Havia quase 13 anos e meio que a seleção brasileira não fazia um jogo de Eliminatórias no Maracanã. É verdade que no período o mais icônico estádio do futebol brasileiro foi palco de quatro decisões envolvendo a seleção – duas de Copa América, uma de Copa das Confederações e outra de Jogos Olímpicos -, mas essa sensação de abrigar um jogo que leva para a Copa do Mundo estava em falta. Talvez por isso que nessa quinta, na última partida do Brasil em solo nacional antes do Mundial do Catar, os quase 70 mil torcedores que lotaram o estádio tenham abraçado o time de forma contundente.
O clima nas arquibancadas era o melhor possível. Diferente do que fizera em outras épocas, a CBF vendeu as entradas com preços não tão distantes daqueles praticados em jogos da Série A. Assim, o público tinha o mesmo perfil, o do torcedor que grita, que canta e que provoca o adversário – às vezes até com termos impublicáveis. Para se ter uma ideia, antes da partida os jogadores do Chile tiveram de aquecer no belo gramado do Maracanã aos gritos de “eliminado, eliminado.”
O torcedor também demonstrou sentimentos distintos em relação à seleção brasileira. Neymar foi ovacionado quando teve o nome anunciado pelo sistema de som. Os ex-flamenguistas Lucas Paquetá e Vinícius Jr foram muito aplaudidos. O técnico Tite, por sua vez, teve de ouvir forte vaia, talvez a maior desde que assumiu a seleção, há quase seis anos.
Tamanho entusiasmo nas arquibancadas foi correspondido em campo no primeiro tempo, em especial pelo trio ofensivo formado por Vinícius Jr, Antony e Neymar. Os três deram ao ataque da seleção algo que vinha fazendo falta e que sempre foi a essência do futebol brasileiro: o drible. Na direita, Antony envolvia a marcação com a naturalidade de um habitué do Maracanã de outros tempos. Na esquerda, Vinícius Jr era insistente no mano a mano e nas tabelas com Neymar. O principal jogador do Brasil, por sua vez, fazia o que se espera de alguém talhado para ser protagonista da seleção. Voltava para buscar o jogo, armava, orientava o time.
Como não poderia deixar de ser, foi por intermédio dos três que o Brasil abriu sua vantagem no fim do primeiro tempo. Primeiro, com Neymar batendo pênalti. Depois, com o atacante do Paris Saint-Germain fazendo o corta-luz em passe de Antony para Vinicius Jr. chutar cruzado.
A seleção também teve outras boas notícias. Guilherme Arana estava em grande noite, jogando boa parte do tempo avançado – em determinados momentos, foi quase um meia pela esquerda. Paquetá foi outro que teve papel fundamental no ataque. Se na véspera o técnico Tite chegou a dizer que não gostava de usar o termo “falso 9” para se referir à posição de Neymar, a atuação de Paquetá contra o Chile nos 45 minutos iniciais veio para mostrar que o técnico resolveu seu problema semântico dando a função a dois de seus atletas.
Com dois gols de vantagem para o Brasil e com o Chile em desespero – a derrota significava adeus à Copa do Mundo -, a etapa final foi de futebol menos vistoso e mais pegado. Tite aproveitou para rodar o elenco, com Coutinho, Richarlison, Bruno Guimarães, Fabinho e Martinelli ganhando chance. Coutinho e Richarlison ainda ampliariam para o Brasil. No fim, o 4 a 0 com gols de um ex-flamenguista, de um ex-vascaíno e de um ex-tricolor carioca deixaram a despedida do Brasil no Maracanã ainda mais completa.
Portugal mantém a esperança de ir a CopaAtuando em casa, Portugal foi incansável no primeiro tempo. Com Cristiano Ronaldo participando de todas as jogadas de ataque, os portugueses atacaram o tempo todo e sufocaram a Turquia em seu campo.
Com isso, o primeiro gol não demorou muito para sair. Aos 15 minutos, Otavio aproveitou o rebote de uma finalização na trave de Bernardo Ramos para abrir o placar.
A desvantagem fez os turcos se abrirem e Kutlu e Kokcu levaram muito perigo à meta de Diogo Costa. As chances criadas pelos visitantes só fizeram Portugal manter o ritmo ofensivo cada vez mais forte.
Aos 42, após jogada com participação de todo o ataque de Portugal, Diogo Jota, de cabeça, fez o segundo gol português para delírio da torcida no Estádio do Dragão.
O segundo tempo foi totalmente diferente. Os turcos vieram mais agressivos e dispostos a equilibrar a disputa. Mesmo assim, Portugal era mais perigoso. Mas aos 20 minutos, em bela tabela, Under serviu Burak Yilmaz entre a zaga portuguesa: 2 a 1.
Daí até o final a disputa foi eletrizante. Portugal não abdicou do ataque, enquanto a Turquia lutou muito em busca do empate. E a oportunidade surgiu quando Jose Fonte fez pênalti em Enes, que o árbitro só viu com a ajuda do VAR. Mas Burak Yilmaz bateu por cima do travessão.
Com a perda do pênalti, os turcos também perderam o entusiasmo e Portugal aproveitou para fazer o terceiro gol, aos 48 minutos, com Matheus Nunes.
Outro país que se mantém na briga por um lugar no Mundial do Catar é o País de Gales, que eliminou a Áustria, por 2 a 1, com dois gols de Gareth Bale. O primeiro, de falta, foi um golaço. Agora os galeses aguardam o vencedor doe duelo entre Escócia e Ucrânia, que só vai ocorrer em junho por causa do conflito com a Rússia.
Já a classificação da Suécia só veio na prorrogação, após empate sem gols com a República Checa. O único gol da partida saiu aos cinco minutos da segunda etapa do tempo extra, marcado por Quaison. Os suecos vão enfrentar a Polônia, que não precisou disputar a primeira fase da repescagem por causa da eliminação da Rússia por causa da guerra contra a Ucrânia.
Galvão Bueno revela despedida da narraçãoRio (AE) – Galvão Bueno está de saída da narração da Globo. A Copa do Mundo do Catar vai marcar a despedida do narrador, que deixa de ter vínculo fixo com a emissora em dezembro, após 41 anos no canal.
“Eu me realizei como profissional nesses 41 anos na Globo. Foram emoções fortíssimas. Estarei com a seleção brasileira e com o futebol até o dia 18 de dezembro. Depois, vira-se uma página e o livro continua. Pretendo mergulhar de cabeça no mundo digital, estamos falando sobre possibilidades em outras plataformas. A Globo é minha casa.”
A informação da possível saída de Galvão Bueno da Globo pegou de surpresa não só os fãs de esporte, mas como também funcionários da emissora. À tarde, a Globo confirmou O fim do contrato com o narrador de 71 anos.
“Galvão é um gênio da comunicação, que reinventou a função de um narrador nas transmissões esportivas. Haverá para sempre na história da TV brasileira o antes e o depois de Galvão. Juntos, estamos preparando uma despedida à altura da história dele na Copa do Catar. Será inesquecível para o Galvão e para o público”, afirma Renato Ribeiro, Diretor do Esporte da Globo.
Na tarde desta quinta-feira, 24, Galvão Bueno foi às redes sociais anunciar que a partida entre Brasil e Chile, pelas Eliminatórias da Copa, será a sua última transmissão com a seleção brasileira no Maracanã. A partida acontece às 20h30.
“Jogo de despedidas. Último jogo da Seleção no Brasil antes da Copa! Último jogo de Tite no Brasil como técnico da Seleção! Meu último jogo da Seleção no Maracanã em televisão”.
Dono de uma das vozes mais marcantes da narração esportiva, Galvão Bueno ganhou notoriedade como o narrador oficial da seleção brasileira na Globo, participando da cobertura do tetracampeonato mundial, em 1994, e do penta, em 2002. Versátil, ficou conhecido por narrar as vitórias do Ayrton Senna na Fórmula 1 e, mais recentemente, foi a voz do ouro de Rebeca Andrade na Olimpíada de Tóquio.

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Lucas Figueiredo