Trem usado para inauguração com presença do presidente Bolsonaro era cenográfico, critica ex-deputado Fernando Mineiro.

Inaugurada com pompa e festa em março passado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e grande comitiva ministerial, incluindo o ex-ministro do Desenvolvimento Regional e atual pré-candidato ao Senado, Rogério Marinho, a Estação de Trem de Cajupiranga só deverá entrar em funcionamento em maio próximo, conforme previsão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e Prefeitura de em Parnamirim.

Segundo a CBTU, a inauguração foi em “fase de testes” e a viagem que Bolsonaro fez a bordo do VLT, entre as estações de Cajupiranga, Boa Esperança e Centro, em Parnamirim, foi a primeira da composição. Durante este mês, a companhia fará testes operacionais no último trecho inaugurado. No entanto, o intervalo de mais de dois meses entre a inauguração e o funcionamento, de fato, tem gerado muitos questionamentos e insatisfações nos potiguares e na ala política. “Bolsonaro esteve no RN para entregar um trem que ninguém vê. Um trem fantasma. O cidadão que procura a estação
recém-inaugurada pelo presidente, seus ministros e aliados políticos não consegue comprar um bilhete para fazer a mesma viagem no trem que o presidente fez, porque ela está vazia”, afirmou a pré-candidata a deputada federal, Samanda Alves (PT), após constatar que a obra está incompleta.

Para ela, a inauguração aconteceu em tom de campanha eleitoral para o ex-ministro Rogério Marinho. “Ficou claro
que a obra precisava ser inaugurada de qualquer jeito, para projetar candidaturas alinhadas com o governo Bolsonaro aqui no RN, e principalmente, o ministro que estava há dois dias de deixar de ser ministro para disputa eleitoral. Correram para inaugurar uma obra inacabada, brincando com um sonho e uma necessidade antiga dos moradores da Região Metropolitana de Natal”, destacou.

E continuou: “a população que anda de trem é exatamente a mais necessitada. Entregar uma obra de mentira é uma falta de respeito tamanha que fico indignada. Ninguém faz campanha com o sofrimento dos outros. Não é a primeira vez que o presidente vem ao RN inaugurar obras incompletas. Em 2020, ele inaugurou com toda pompa um poço em Ipanguaçu, sem funcionar por causa de uma bomba e com água que não serve para consumo humano. Esse ano, veio anunciar a chegada das águas do São Francisco, que ainda não haviam chegado, e agora, inaugurou um ‘trem fantasma’. É um governo que além de não ter projeto de Estado, também não tem planejamento”.

O pré-candidato a deputado federal, Fernando Mineiro (PT), disse: “Esse é o trem que Bolsonaro e seus ministros potiguares inauguraram mês passado aqui no Rio Grande do Norte. Já virou praxe desse presidente brincar com o povo, fazendo pouco caso das suas necessidades. É mais uma obra inaugurada sem estar concluída”, disparou.

Ele e a vereadora de Natal, Divaneide Basílio (PT), visitou a estação ferroviária e publicou vídeo mostrando a obra ainda em continuidade. “Um trem fantasma. É mais uma obra que anunciam, mas não entregam. A gente sabe como é que esse povo funciona. É isso. Como fica a vida de quem precisa usar transporte público todos os dias na Região Metropolitana de Natal?”.

FESTA DE R$ 550 MIL E TREM CENOGRÁFICO
Mineiro comparou Bolsonaro a um verme e disparou: “Vivemos um tempo difícil: o vírus e o verme. O presidente e seu núcleo duro devem, sim, ser chamados assim”. Ele explicou sua comparação e lembrou que a festa custou algo em torno
de R$ 550 mil para os cofres públicos. “As imagens do trem cenográfico usado por Bolsonaro e o então ministro Rogério Marinho no último dia 30 de março, para dizer que estava inaugurada a linha do VLT de Natal até a estação Cajupiranga, em Parnamirim, foram também usadas pelo bolsonarismo para falar de uma ferrovia que ligaria o Maranhão ao Pará. Na verdade, a ferrovia citada é a Estrada de Ferro Carajás, construída pela Vale há 36 anos”, descreveu, em entrevista a 96 FM Natal.

Fonte: Agora RN