Os presidentes de PSDB, MDB e Cidadania decidiram ontem indicar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata única da terceira via à Presidência. A decisão ainda precisa passar pelo crivo das executivas nacionais dos três partidos, que devem se reunir na próxima terça-feira, mas já indica que o ex-governador de São Paulo João Doria, pré-candidato do PSDB, foi rifado.

Pesquisas encomendadas pelos partidos mostraram que a rejeição a Doria é muito alta e Simone teria maior potencial de crescimento Ele foi aprovado em prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas, desde então, enfrenta resistências para tornar o nome viável.
A cúpula tucana faz pressão para Doria desistir do páreo, sob a alegação de que a pré-candidatura dele atrapalha os concorrentes do partido, principalmente em São Paulo, Estado administrado pelo PSDB há quase 30 anos, onde o governador Rodrigo Garcia disputa a reeleição. A ala do partido favorável a Simone quer que o senador Tasso Jereissati (CE) seja candidato a vice na chapa.
Doria não aceita renunciar e já mostrou disposição para recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), uma vez que sua pré-candidatura foi oficializada em prévias. No sábado, em carta enviada ao presidente do PSDB, Bruno Araújo, o ex-governador acusou o comando do partido de querer promover um “golpe” para retirar seu nome “no tapetão”. Araújo disse que a carta representava a intenção de Doria de romper com o partido.
O ex-governador foi convidado para participar de uma reunião com dirigentes do PSDB, na manhã de ontem, mas não compareceu, sob a justificativa de que já tinha compromissos agendados. Antes da decisão dos presidentes dos partidos de encaminhar o nome de Simone, Doria deu sinais de que estava disposto a conversar com os dirigentes na próxima semana.
“O momento é de diálogo. O projeto de construção política deve priorizar o Brasil e o povo brasileiro”, disse ele, em mensagem publicada ontem no Twitter. Depois, fez outras postagens para destacar sua persistência. “Diziam que era impossível despoluir o Rio Pinheiros. Está aí. Com trabalho, planejamento e dedicação, nada é impossível! #TMJ”, escreveu. Procurado por meio de sua assessoria, Doria não havia se manifestação até a conclusão desta edição.
A reunião da executiva do PSDB, na noite de anteontem, já havia escancarado o racha no partido e não foram poucos os que defenderam a necessidade da saída de Doria. Nem todos, no entanto, pregaram a aliança com Simone. O deputado Aécio Neves (MG), por exemplo, chegou a dizer que ela poderia ser “abandonada” na convenção porque o MDB também está dividido.
Uma ala quer fechar acordo com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, e outra pretende apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo de Aécio defende candidatura própria do PSDB. Além do nome de Tasso, há os que pregam o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.
“Até terça-feira que vem fica pública uma posição apresentada aos três partidos. Vamos aguardar para ver se os três partidos confirmam essa posição”, disse Araújo, ontem, numa referência a Simone. “A partir daí, inicia-se um processo entre os dois candidatos postos no qual poderemos passar para a fase seguinte de começar a construir de forma sólida essa aliança, construindo aspectos regionais e demandas que possam fortalecer essa candidatura presidencial.”
A cúpula dos três partidos vai trabalhar para que Simone seja a candidata. “Temos consenso entre nós. Vamos ter de colocar para o partido para poder dizer esse candidato que vocês chamam de terceira via”, declarou o presidente do Cidadania, Roberto Freire.
Pestistas consideram Freixo como entraveO PT no Rio de Janeiro avalia que o apoio do partido à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo dificulta a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Estado, diante da alta rejeição do pré-candidato. Segundo o secretário nacional de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, o partido decidiu contratar uma pesquisa qualitativa para medir o impacto de Freixo na candidatura do petista.
De acordo com Jilmar Tatto, uma candidatura própria, uma coligação com o PSD ou até mesmo um palanque duplo são alternativas ao apoio fechado à candidatura de Freixo. “Estamos muito preocupados com o Rio de Janeiro. Fizemos reunião do GTE (Grupo de Trabalho Eleitoral) ontem (anteontem). Contratamos uma pesquisa. A candidatura do Freixo pode estar estreitando a campanha do Lula”, disse.
O crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio acendeu o alerta de petistas. Na pesquisa Genial/Quaest divulgada anteontem, Lula e Bolsonaro estão empatados no Estado. 
O presidente saiu de 31% em março para 35%, enquanto o petista foi de 39% para 35%. Freixo está atrás de Cláudio Castro (PL), com 18%, ante 25% do atual governador que é apoiado por Jair Bolsonaro.
Lula e Janja se casam em São Paulo O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 76 anos, e a socióloga Rosângela Silva, a Janja, de 55, se casaram na noite de ontem, em São Paulo, em uma cerimônia reservada a amigos mais próximos e familiares. O evento deixou de fora aliados políticos do petista e interrompeu uma agenda de articulações do ex-presidente com potenciais apoiadores de sua pré-campanha.
Até a véspera da festa, nem os convidados sabiam a localização exata do buffet. O endereço, em um espaço na Avenida Morumbi, foi liberado a partir do acesso a um QR Code. Lula e Janja reservaram uma suíte para noite de núpcias no hotel Grand Mercure, também na capital paulista, onde o PT realiza reuniões políticas.
Janja tem assumido protagonismo na pré-campanha de Lula ao Planalto, participando de eventos diversos. Passou a frequentar as reuniões no Instituto Lula e na Fundação Perseu Abramo. Em 2021, capitaneou a criação de uma ala interna em defesa dos direitos dos animais. Partiu dela a ideia de regravar o jingle “Sem medo de ser feliz”, e apresentá-lo publicamente no dia 1º de maio. A música, de Leonardo Leone, remonta o jingle da campanha petista de 1989, com o refrão “Lula Lá”, de Hilton Acioli.
O casamento com Janja é o terceiro do ex-presidente. Lula já foi casado com Maria de Loures da Silva, nos anos 1970 – em um relacionamento que durou pouco mais de dois anos -, e com a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faleceu em 2017.
A socióloga tem longo histórico de militância petista e participava da vigília de apoiadores ao lado da sede da PF em Curitiba, onde o ex-presidente ficou preso. Nascida no interior do Paraná e formada em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela é filiada ao PT desde 1983.

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO