O presidente estadual do PSB, deputado Rafael Motta, afirmou que mantém a pré-candidatura ao Senado e reagiu a declarações da governadora Fátima Bezerra (PT). Durante encontro do Partido dos Trabalhadores, no fim de semana, a governadora disse que a pré-candidatura de Rafael Motta é  “extemporânea” e beneficiaria o adversário do PT e do PSB, ex-ministro Rogério Marinho (PL), que também é pré-candidato a senador. 

Ontem, Rafael Motta negou que sua pré-candidatura a uma vaga no Senado tenha como implicação política e eleitoral o “benefício” ao ex-ministro. 

“Estou certo de que uma terceira candidatura para o Senado não beneficia alguém em particular, mas sim toda a população”, destacou o deputado federal do PSB. Ele defendeu que os eleitores do Rio Grande do Norte tenham opções e argumentou que o lançamento de mais um nome na disputa não leva a entraves aos aliados do PT, mas sim a garantias de que haverá alternativas aos potiguares. 

“Mais de 50% dos eleitores potiguares já manifestaram que não têm intenção de votar nos nomes postos”, apontou Rafael Motta. 

Por isso, acrescentou, há possibilidade de apresentação de sua pré-candidatura para que a população do Estado faça suas ponderações sobre quem deve ser escolhido para ocupar a vaga no Senado que estará em disputa . 

“As pesquisas mostram que, apesar de serem candidatos há meses, os outros nomes estão estagnados, sem perspectiva de crescimento”, avaliou. 

Para ele, é preciso apresentar um nome que represente a aliança nacional dos petistas com o PSB. “Além disso, não se tem uma candidatura alinhada com a chapa Lula-Alckmin aqui, mesmo ela tendo a preferência do povo do RN na corrida presidencial”, acrescentou. Ele negou que tenha interesse em tumultuar ou criar divisão na base aliada da governadora. “A minha pré-candidatura ao Senado não subtrai, em especial no projeto da governadora Fátima Bezerra, que é minha amiga antes de tudo”, ressaltou. 

Rafael disse não acreditar que a governadora chegue a pedir para os eleitores não votarem nele. “Não creio que ela pedirá para as pessoas não votarem em mim”, destacou. “Pelo contrário: o objetivo é somar no projeto dela, no projeto da chapa Lula-Alckmin e no propósito de manter a cadeira que foi da governadora e hoje é ocupada pelo senador Jean Paul com alguém que tenha o mesmo pensamento ideológico”, comentou.

Mais cedo, nas redes sociais, o presidente estadual do PSB, afirmou “receber o estímulo do povo e acreditar que isso é motivo suficiente para não desistir e continuar” como pré-candidato ao Senado.

Fátima defende que deputado concorra à reeleição

A governadora Fátima Bezerra afirmou, no encerramento do encontro estadual do PT, que tem o desejo de ver o deputado federal Rafael Motta disputando à reeleição em outubro. Para a governadora, o bloco da situação “não pode descuidar de maneira nenhuma da agenda legislativa”, diante da “tarefa de reconstrução do país que o presidente Lula assumirá para trazer de volta a soberania e a justiça social”. Em razão dessa tarefa, segundo ela, o país precisará “contar com parlamentares comprometidos com estas causas”, por isso, que fez questão de mencionar que a decisão do PSB em disputar o Senado “de forma extemporânea, embora legítima, é um direito que o PSB, mas tinha que colocar com a responsabilidade, que  esse caminho terá como único beneficiado Rogério Marinho”.

“Eu tenho um carinho imenso e um respeito por Rafael, mas nós precisamos de Rafael como deputado federal, assim como precisamos ampliar a nossa bancada”, acrescentou a governadora, depois que o PT votou resolução oficializando uma aliança política com o MDB e PDT com as indicações do deputado federal Walter Alves e o ex-prefeito Carlos Eduardo como pré-candidatos a vice-governador e senador da República às eleições de outubro. 

A chefe do Executivo disse para os delegados do encontro do PT, que a ampliação da aliança com outros partidos fora da Federação “Brasil Esperança” (PT%/PV/PC do B) não foi “achismo”, o movimento político foi feito com base em pesquisas: “O fato é que estava em curso no Rio Grande do Norte um movimento das forças tradicionais para nos isolar, era um movimento para juntar a extrema-direita, o bolsonarismo, a direita e o centro para nos isolar”. 

Para a governadora, o movimento que fez para trazer o PDT “foi acertado”, porque  tirou o PT e o governo do isolamento em que estava sendo encaminhado. “É claro que respeitando as divergências que possam existir,  mas  a tática de trazer o PDT para o Senado foi incisiva, decisiva para que nós possamos ter uma correlação de forças políticas mais favorável e uma expectativa mais forte de êxito nessas eleições”. 

Sem mencionar os nomes do prefeito de Natal, Álvaro Dias, ou o do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Ezequiel Ferreira, que eram cogitados como adversários dela na corrida eleitoral, Fátima Bezerra afirmou que as pesquisas de intenções de votos dos eleitores potiguares, quais eram os adversários mais competitivos.

“Evidente que, como já coloquei e o deputado Walter Alves e Carlos Eduardo compreendem, que se fosse pelo meu desejo e se fosse pelo meu coração, o candidato ao senado novamente era Jean Paul e o vice seria Antenor Roberto”, declarou ainda a governadora, explicando que não fazia política com demagogia: “De jeito nenhum, eu faço política com o pé no chão, não tenho uma missão pessoal, eu trabalho pensando num projeto coletivo”.

A governadora expressou no encontro do PT, que as aprovações dos nomes de Walter Alves para vice e Carlos Eduardo para senador, “era passo muito importante para seguir disputando os rumos da história, onde por décadas nós somos coadjuvantes, mas hoje nós somos protagonistas”.

Ela disse para os militantes petistas que a aliança com MDB e PDT não teve concessão programática, ”é  uma aliança em cima de um projeto de Rio Grande do Norte, temos que ter humildade e reconhecer, em que pese as diferenças que nós temos, isso faz parte da democracia, por isso que é que estou no PT, Walter no MDB e Carlos Eduardo está no PDT”.

Agora, destacou a governadora,  que “temos humildade para reconhecer que o MDB é um partido que tem uma capilaridade eleitoral muito importante, queremos que os prefeitos e as lideranças políticas do PMDB estejam conosco pra valer e pra gente ganhar as eleições”.

Em um dos trechos do discurso de 40 minutos, Fátima Bezerra ainda reconheceu as divergências políticas que teve com Carlos Eduardo depois das eleições de 2018, quando o então candidato do PDT a governador pediu votos para Jair Bolsonaro no segundo das eleições.

“Assim como Carlos Eduardo disse aqui, tivemos muito mais tempo juntos do que separados, é verdade. O ex-prefeito cometeu um equívoco político imenso na campanha de 2018. Mas quem não erra? A vida é feita de seres humanos. A política é feita de seres humanos. Portanto a vida não é linear. A gente às vezes erra o importante é não permanecer no erro”. 

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Arquivo / TN