Na manhã desta sexta-feira (8), o ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe (67 anos), foi assassinado a tiros na cidade de Nara, oeste japonês, enquanto discursava em um comício para as eleições senatoriais do país, que ocorrem no próximo domingo (10). O crime aconteceu por volta das 11h30 da manhã (horário local), próximo a estação de metrô Yamato-Saidaiji. As mortes por armas de fogo são raras no país oriental, o que deixou a população em choque.

Shinzo Abe foi primeiro-ministro do Japão por quatro mandatos, totalizando oito anos no poder. Tinha 52 anos no inicio do primeiro, sendo o mais novo a ocupar o cargo. Visto como um símbolo de renovação na época, Abe também era membro de uma familia tradicional no país, com pai e avôs tendo ocupado cargos políticos no passado. Contrastando com a forma que visto, o ex-premiê foi treinado desde cedo para ocupar cargos de poder.

Chefe de governo nipônico a ocupar o cargo por mais tempo, Abe renunciou somente em setembro de 2021, por problemas de saúde. Ele sofria de colite ulcerativa, uma doença que já havia sido motivo da sua renuncia em 2007.

O canal estatal nipônico NHK informou que o ex-premiê chegou inconsciente ao hospital, onde sofreu uma parada cardiorrespiratória. Um médico relatou que a morte foi em decorrência de ferimentos profundos no pescoço, levando a seu falecimento às 17h03 no horário local (5h03 no horário de Brasília).

Fushido Kishida, ex-ministro das relações exteriores, foi seu sucessor no cargo. Em pronunciamento oficial, o atual primeiro-ministro foi incisivo em suas palavras: “É um ato de barbárie durante a campanha eleitoral, que é a base da democracia, e é absolutamente imperdoável.”

O governo japonês informou, por meio do porta-voz Fumio Kishida, que um homem na casa dos quarenta anos, que se acredita ser o atirador, foi detido.

A polícia identificou o suspeito como Tetsuya Yamagami, de 41 anos. Ele foi preso por tentativa de homicídio, relatando ter utilizado uma arma de fabricação caseira para disparar contra o ex-primeiro-ministro. A NHK informou que o suspeito declarou insatisfação com Abe, o que teria motivado o crime. Entretanto, a polícia não confirmou as informações repassadas pela estatal.

O Ministério da Defesa comunicou que um homem com o mesmo nome de Yamagami fez parte da Marinha Japonesa entre 2002 e 200.

Repercussão

A morte de Shinzo Abe repercutiu pelo planeta nesta sexta-feira. Jair Bolsonaro (PL), presidente do Brasil, deu suas condolências ao falecimento do ex-primeiro-ministro pelas redes sociais, e declarou luto oficial de três dias. “Recebo com extrema indignação e pesar a notícia da morte de Shinzo Abe, líder brilhante e que foi um grande amigo do Brasil. Estendo à família de Abe, bem como aos nossos irmãos japoneses, a minha solidariedade e o desejo de que Deus cuide de suas almas neste momento de dor”, escreveu o presidente em seu Twitter.

Outras figuras conhecidas, como Emmanuel Macron, presidente da França, e Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, também se manifestaram na rede social. Macron se declarou “profundamente chocado com o ataque hediondo que Shinzo Abe sofreu” e declarou que “a França está ao lado do povo japonês”. Biden, por sua vez, disse estar “chocado, indignado e profundamente triste com a notícia de que meu amigo Abe Shinzo, ex-primeiro-ministro do Japão, foi baleado e morto. Ele foi um campeão da amizade entre nosso povo.“

Fonte: AgoraRN