Uma das hipóteses que circula nos bastidores da política potiguar para o fato de Rafael Motta não ter tido o apoio do PT para sua desejada pré-candidatura ao Senado Federal, na chapa majoritária da governadora Fátima Bezerra, foi o seu voto favorável ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. Na ocasião, ele disse que seu voto era um não para um governo que colecionou “incompetências, com atitudes imperdoáveis à Constituição que jurou honrar”, não era “omisso” e não compactuava “com ilicitudes”.

O voto favorável do pré-candidato do PSB ao impeachment da petista teria pesado sobre a decisão final do Partido dos Trabalhadores, que buscou na figura do ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo Alves (PDT) a experiência administrativa e política para completar sua chapa majoritária. Somado a isso, o pedetista conta com a simpatia do pré-candidato à Presidência da República pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, com quem tem tido encontros e entendimentos proveitosos nas últimas semanas.

O nome de Carlos Eduardo foi referendado no encontro tático do PT potiguar, no fim de maio e, de lá para cá, ele tem recebido o apoio de parte do PT que ainda o olhava desconfiado, como a deputada federal Natália Bonavides. Colega de bancada de Rafael Motta e disputando a reeleição, a deputada fechou apoio ao pedetista no último dia 23 de junho, quando explicou que, após um período reticente, decidiu seguir o entendimento do partido.

“Tivemos todas as divergências debatidas, não só no encontro de tática, mas também publicamente e agora teve uma decisão tomada. A gente que acredita em uma mudança de sociedade, que o Brasil tem condições de ser um lugar melhor para a classe trabalhadora, a gente sabe que sozinho, não fazemos nada. E sabemos que é preciso saber atuar em conjunto. Está tomada a decisão do partido em relação ao Senado e a vaga de vice. A gente vai junto, vai unido, seguindo a decisão que o PT adotou”, disse Natália, na época.

Ao ser preterido pelo PT e perder o apoio de Natália para a corrida eleitoral, Rafael Motta poderá sofrer um grande baque em sua campanha, uma vez que não poderá mais contar com os votos fiéis da deputada petista. Ainda no início de junho, o PSB nacional tentou ligar a imagem de Rafael à do ex-presidente Lula, com a participação do vice na chapa petista, Geraldo Alckmin e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, sem sucesso.

Após a aprovação do nome de Carlos Eduardo para a chapa de Fátima e de Lula no Rio Grande do Norte, e jurando voto incondicional à gestora petista, o deputado federal e presidente estadual do PSB bateu o pé ao manter sua pré-candidatura, apesar dos apelos da governadora para que ele lutasse por sua reeleição à Câmara, onde, segundo ela, ele poderia ajudar muito mais.

Fonte: AgoraRN