Com presença cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho, o perfil socioeconômico do Rio Grande do Norte passou a apresentar mudanças nos últimos 10 anos, segundo uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), com foco em Características Gerais dos Moradores apontam que houve crescimento de 70,61% no número de mulheres responsáveis por domicílios no estado no ano passado, quando comparado com 2012.

Em 2021, dado do último levantamento, 563 mil mulheres eram as chefes de família nos lares potiguares, enquanto em 2012, este número era bem menor, 330 mil. O número é menor que o de homens, que em 2021 eram 646 mil, contra 644 mil em 2012, um crescimento absolutamente menor, apenas 0,31% no mesmo período de 10 anos, de acordo com as estatísticas da Pnad Contínua.

Estes números são uma tendência nacional, uma vez que em todas as unidades da federação foi registrado um aumento no número de mulheres no comando do lar. Na região nordeste, estados como Ceará e Maranhão tiveram, pela primeira vez, um número maior de mulheres que lideram seus lares em relação ao número de homens. Foram os únicos entre todos os estados nacionais a apresentarem esta estatística.

MAIS DA METADE

Em 2021, as mulheres representavam 51,1% da população do país, totalizando 108,7 milhões, enquanto os homens correspondiam a 48,9% (103,9 milhões). Em dez anos, não houve diferença significativa nessas participações.
A razão de sexo, quociente entre o número de pessoas do sexo masculino e do feminino, indicou a existência de 95,6 homens para cada 100 mulheres residentes no país. Esse número é similar ao verificado em 2012. Mas há diferenças regionais: o Norte é a única região em que há maior concentração de homens (102,3 para cada 100 mulheres). No Nordeste, há a maior participação feminina (93,9 homens para cada 100 mulheres).

Essa diferença pode ter origem nos fluxos migratórios. “Além da diferença de mortalidade, isso pode ter relação com os padrões de migração. Um dos fatores que pode influenciar é o tipo de atividade econômica exercida em cada região. Nas fronteiras agrícolas e minerais, por exemplo, o tipo de trabalho atrai mais a mão de obra masculina”, diz Gustavo Fontes, analista da pesquisa.

Há uma tendência de queda da razão de sexo com o aumento da idade. Entre as pessoas de 25 a 29 anos, o número de homens e mulheres era similar: cada um representava 4,0% da população total. Mas a proporção de mulheres era superior à dos homens em todos os grupos de idade a partir de 30 anos. Na faixa de 60 anos ou mais, eram 78,8 homens para cada 100 mulheres.

“A população masculina tem um padrão mais jovem. Nascem mais homens do que mulheres, mas essa diferença vai diminuindo à medida que a idade avança, já que a mortalidade tende a ser maior entre eles”, explica Gustavo Fontes. Essa maior participação feminina nos grupos acima de 30 anos pode ser observada na pirâmide etária, que também mostra o alargamento do topo e o estreitamento da base, explicados pelo envelhecimento populacional.

MORANDO SÓ

Vale ressaltar que a pesquisa também permitiu observar outro fenômeno: o aumento na quantidade de pessoas que passaram a morar sozinhas nos últimos 10 anos. E esta diferença superou a casa de 10 milhões de indivíduos, segundo a análise dos dados da Pnad Contínua.

Em 2021, havia 72,3 milhões de domicílios particulares permanentes no país, contra 61,5 milhões em 2012. Nesses domicílios, o arranjo mais frequente era o nuclear, estrutura composta por um único núcleo, seja formado por um casal com ou sem filhos ou enteados ou pelas chamadas famílias monoparentais, quando somente a mãe ou o pai criam os filhos, sem a presença do outro cônjuge.

Ainda em 2021, as unidades domésticas com arranjo nuclear correspondiam a 68,2% do total, percentual próximo ao de 2012. Nesse período, a proporção de unidades domésticas unipessoais (com apenas um morador) passou de 12,2% para 14,9% do total. Entre as pessoas que moram sozinhas, os homens eram maioria (56,6%). A participação das mulheres nesse tipo de arranjo domiciliar era maior no Sudeste (46,4%) e no Sul (46,5%), enquanto no Norte era de apenas 32,7%.

Além disso, a pesquisa aponta outras diferenças entre pessoas que moram sozinhas. “Há um padrão etário. Das mulheres que moram sozinhas, cerca de 60% são idosas, enquanto os homens que moram sozinhos são, em média, mais jovens”, avalia o pesquisador.

PNAD CONTÍNUA

Com o objetivo de atender a demandas dos usuários, suprir necessidades para a formulação e gestão de políticas públicas, minimizando continuamente as lacunas existentes na produção nacional de estatísticas, o IBGE é responsável pela PNAD Contínua, que produz indicadores para acompanhar as flutuações trimestrais e a evolução, a médio e longo prazo, da força de trabalho e outras informações necessárias para o estudo e desenvolvimento socioeconômico do País.

A pesquisa é realizada por meio de uma amostra probabilística de domicílios, extraída de uma amostra mestra de setores censitários, de forma a garantir a representatividade dos resultados para os diversos níveis geográficos definidos: Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação e Regiões Metropolitanas que incluem os municípios das capitais. Outra pesquisa que terá peso importante será o próximo Censo Demográfico, que com dois anos de atraso, em virtude da pandemia do coronavírus, está previsto para ter início no dia 1º de agosto.

Fonte: AgoraRN

Foto:: Arquivo/Agência Brasil