O censo demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deu início aos levantamentos nas comunidades quilombolas de todo país. É a primeira vez que a pesquisa vai contabilizar a população quilombola do Brasil com a pergunta “você se considera quilombola?”. Na quarta-feira (17), as lideranças do Território Capoeiras, comunidade localizada em Macaíba, na Grande Natal, receberam tanto a  chefia estadual quanto a coordenação do IBGE para colaborarem na pesquisa. 

O Censo Demográfico brasileiro é uma das principais pesquisas estatísticas realizadas no país e, dentre outros aspectos, cumpre o papel de guiar as políticas públicas nas três esferas do poder público. Neste ano, a análise vai cobrir mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território nacional e estima-se que sejam visitados pelo menos  89 milhões de endereços, sendo 75 milhões de domicílios. Ainda, segundo a nova edição da pesquisa, estima-se  que a população brasileira esteja em cerca de 215 milhões. Em 2010, esse número era em torno de  190,8 milhões de habitantes. 

Atualmente,  o Território Capoeiras é formado por cerca de 400 famílias. De acordo com  Maria Barbosa, liderança do local, a nova pergunta é importante e positiva, dado que se relaciona ao modo como cada pessoa se reconhece. Segundo ela, ainda, o questionamento integra um conjunto maior de vitórias. “O movimento que foi feito antes está sendo refletido hoje na juventude. Você vê que as pessoas hoje se reconhecem mais, usam mais seu cabelo, reconhecem mais sua negritude, os jovens se empoderam enquanto negros. Isso graças à luta de tempos atrás”, acrescenta.

Algo semelhante é destacado pelo chefe da Unidade Estadual do IBGE no Rio Grande do Norte, Damião Ernane de Souza, para quem a produção de estatística oficial é uma conquista dos povos e comunidades tradicionais. “Isso faz parte de toda uma luta de vocês, das comunidades quilombolas, trazer visibilidade para os povos originários brasileiros e retratar a nação”, defende.

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: IBGE/Divulgação