No evento em que a Rede anunciou o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista lamentou a ausência de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente de seu governo e que rompeu com o ex-mandatário desde que deixou a pasta, em 2008. Lula disse que esperava ter presença da ex-aliada na cerimônia e afirmou não entender porque ela às vezes “demonstra momentos de raiva”.

Marina deixou o ministério por divergências com o ex-presidente em 2008, mas a relação entre os dois piorou anos depois, na eleição presidencial de 2014, quando a ex-ministra foi alvo de ataques por parte da campanha do PT. Na época, a candidata petista era Dilma Rousseff.

No evento desta quarta-feira, em Brasília, Lula relembrou de quando indicou Marina para a pasta e afirmou que sua relação com ela é “muito grande”.

— Eu esperava que a Mariana estivesse aqui. A minha relação com a Marina é muito grande. Eu às vezes não sei porque ela demonstra momentos de raiva. Eu aprendi a gostar da Marina ainda quando era menina lá no estado do Acre. É importante lembrar que eu indiquei a Marina para ser ministra lá em Nova York. Ela jamais pensaria que eu iria indicar ela a ser ministra lá em Nova York — disse.

A Rede formalizou o apoio à candidatura de Lula à Presidência, mas librou que seus membros pudessem endossar o pré-candidato pedetista, Ciro Gomes, caso não queiram se aliar ao petista. Além de Marina, a ex-senadora Heloísa Helena também não particiou do ato. As duas têm preferência por Ciro.

A ex-ministra chegou a ser ventilada como possível vice na chapa de Ciro, mas as conversas não foram para frente. Em entrevista ao GLOBO em março, Marina afirmou estar disposta a conversar com o Lula, mas, para isso, disse que para isso o PT precisa assumir os erros cometidos no passado.

Quando questionada para quem dará seu apoio na disputa presidencial, Marina afirma que se posicionará no momento adequado. Entre membros da Rede, há a expectativa de que, após o aceno de Lula a ex-ministra no evento de hoje, o petista ligue para sua antiga aliada. Não há, no entanto, previsão para que isso aconteça.

A Rede formou uma federação com o PSOL, que também faz parte da aliança com o PT. A sigla de Marina, no entanto, ainda tem uma divisão interna entre apoiadores de Lula e de Ciro. Ao lado do petista estão o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha do ex-presidente, e o deputado Túlio Gadelha (Rede-PE), que deixou o PDT após divergências com o partido.

Em seu discurso no evento, Randolfe afirmou que a sigla apoiará “incondicionalmente” Lula e afirmou que a Rede não ficará em cima do muro:

— A Rede anuncia aqui o apoio incondicional. A rede não é partido de ficar em cima do muro.

A divisão do partido, no entanto, fez com que fosse incluísse um parágrafo em seu estatuto formalizando que os membros da sigla apoiem tanto Lula quanto Ciro.

“Não queiram criar cizânias na Rede Sustentabilidade. Para ficar mais claro, basta ler a Resolução na íntegra (no site da rede) ou bem resumidinha no card, tá?! Deu para entender, né?!”, escreveu Heloísa Helena, que compartilhou a resolução em suas redes sociais: “Liberar os membros da Rede no envolvimento e apoio para eleição presidencial das candidaturas progressistas e democráticas expressas nos nomes de Ciro Gomes, do PDT, e de Luliz Inácio Lula da Silva, do PT, em cuja coordenação já participa nosso senador Randolfe Rodrigues.”

Além de Lula, o evento também conta com a presença da presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), e dos ex-ministros Aloizio Mercadante e Luiz Dulci.

Fonte: AgoraRN

Foto: EVARISTO SA / AFP