Os sinais deste início de ano são de que jogadores como David, Wellington Rato e Pedrinho darão ao São Paulo recursos de que o time não dispunha no ano passado. Por ora, são jogadores em adaptação, assim como Méndez, que jogo a jogo vai mostrando em que contexto funciona melhor – é especialmente bom no primeiro passe, vendo o jogo de frente.

Pelo lado do Palmeiras, claramente há uma estrutura mantida, mas lacunas a preencher com as perdas recentes de Gustavo Scarpa e Danilo. Até aqui, o início de ano mostra Abel Ferreira tentando encontrar a melhor formação de meio-campo de um time que busca a consistência de 2022. Não seria em três jogos que tudo isso iria ser solucionado.

Neste cenário, a sensação após o 0 a 0 do Allianz Parque foi de que o clássico paulista chegou cedo demais para os dois rivais. Em especial por um primeiro tempo tecnicamente muito abaixo do desejável, antes de um segundo tempo com mais chances de gol. Colocando numa balança tudo o que produziram os dois times, o Palmeiras, que tem uma estrutura mais consolidada, naturalmente teve mais momentos de predomínio. Mas não o suficiente para tornar o empate um absurdo. No fim das contas, a análise do desempenho dos dois times precisa ponderar o estágio da temporada em que se encontram.

Num jogo de propostas diferentes, especialmente sem bola, o São Paulo teve bons minutos iniciais. Diante de um Palmeiras que ainda tem dificuldades para construir, e com isso se vê em problemas ao perder a bola, o tricolor recuperava em seu campo e encontrava espaços na esquerda, por onde Rodrigo Nestor conduzia. Pela direita, Wellington Rato permite bons movimentos da ponta para o centro, ajudando a articular. Mas o time nem sempre o acionava. David foi importante ao ganhar duelos, sustentar embates mais físicos e conduzir o time. Mas os momentos em que o time teve problemas para sair de trás terminaram por impedir que o volume ofensivo fosse constante.

Aos poucos, a pressão ofensiva do time de Abel Ferreira começou a fechar saídas do rival e o time foi para o intervalo com melhores sensações. Ainda assim, tinha pouca infiltração e pendia para os cruzamentos dos lados do campo. Foram 16 na primeira etapa e poucos lances de efetivo perigo. No fundo, o jogo era muito condicionado por erros técnicos.

Abel Ferreira iniciou o jogo invertendo seus pontas: Rony na direita e Dudu na esquerda. O que fazia Marcos Rocha ultrapassar mais pelo lado e Piquerez participar mais da saída de bola. O caso é que, talvez num sinal da ausência de Danilo, o jogo ainda não flui. O melhor lance veio numa inversão de Gustavo Gomez para Dudu na esquerda, aproveitando a largura do campo. Dudu atraiu Rafinha, gerou espaço para a infiltração de Veiga e a defesa tricolor se viu em perigo. Outra questão deste início de trabalho do Palmeiras é a dificuldade para encontrar Endrick. O jovem atacante teve poucas oportunidades em situação favorável.

A segunda etapa repetiu padrões, com duas escapadas do São Paulo no início e, em seguida, minutos de domínio dos mandantes. A esta altura, Dudu voltara para a direita e Rony para a esquerda. Cabia a Piquerez alargar o campo pelo setor. Foi o melhor momento da equipe. Recebendo bem aberto, Dudu iniciou o lance do gol anulado de Rony.

Até o São Paulo reequilibrar ações na parte final do clássico, quando o cansaço e as trocas fizeram a partida cair de nível outra vez.

Fonte: GE

Foto: Marcos Ribolli