O gol sofrido com apenas um minuto de bola rolando pode ilustrar bem duas características de um time em crise: o abalo emocional e a falta de concentração. A derrota para o Atlético-MG, na última quinta-feira, em São Paulo, evidencia a queda de rendimento preocupante do Palmeiras na reta final da temporada.

Serão 11 jogos para buscar uma das vagas diretas na próxima edição da Conmebol Libertadores e evitar uma pressão ainda maior para 2024. De vice-líder e postulante ao título, o Verdão agora é o quinto colocado.

Com quatro derrotas seguidas no Brasileirão e seis jogos em sequência sem vencer na temporada, o Palmeiras tem a missão de recuperar a confiança, o bom futebol e contornar a crise dentro e fora das quatro linhas para evitar um cenário trágico.

Contra o Atlético-MG, o Palmeiras demonstrou fragilidades preocupantes no primeiro tempo. Sem Abel Ferreira, suspenso pelo STJD por dois jogos, João Martins pôde observar um time nervoso, apático e longe de exibir as qualidades que o deixaram quase imbatível no Brasileirão do ano passado e nos primeiros meses de 2023: a solidez defensiva e a criatividade de um ataque que sempre criou e marcou muitos gols.

O gol sofrido no minuto inicial, em um lance considerado defensável para o Weverton na grande fase, foi apenas uma pílula das fragilidades apresentadas pela defesa no restante da partida.

O Atlético-MG finalizou oito vezes, cinco a mais que o Palmeiras nos 45 minutos iniciais. Acertou a trave uma vez, esteve perto de marcar e ampliar a vantagem diante de um adversário que acertou o alvo apenas em uma das suas três finalizações.

Com menos de 12 minutos de bola rolando, Gabriel Menino deixou o campo lesionado. Jhon Jhon, o escolhido para dar maior mobilidade ao meio e auxiliar Raphael Veiga na criação, assistiu o Atlético-MG jogar. Apático, o Palmeiras pouco criou e foi para o intervalo ouvindo protestos dos torcedores contra a presidente Leila Pereira e a diretoria.

As mudanças feitas por João Martins no segundo tempo não alteraram o cenário do jogo. Breno Lopes e Luís Guilherme entraram nos lugares de Kevin e Rony. Sem conseguir impor seu jogo e dominar as ações, o Verdão viu o Atlético-MG ampliar o marcador em contra-ataque após erro de Piquerez. Saravia lançou Paulinho, que garantiu a vitória do time mineiro.

Raphael Veiga e Zé Rafael também deixaram o campo para as entradas de Flaco López e Fabinho, respectivamente, mas sem conseguirem alterar a monotonia palmeirense na noite de quinta-feira – apesar da melhora e das oito finalizações na etapa final.

Discussão evidencia clima ruim

Um desentendimento acalorado entre Raphael Veiga e Rony, ainda no primeiro tempo, foi outro fator pouco visto no Palmeiras nos últimos anos. Obviamente que discussões são normais, ainda mais no futebol, mas durante o jogo e entre dois jogadores que chegaram até a Seleção juntos, é outro importante ponto a ser observado.

O ambiente na derrota é outro. E dentro de um elenco tão vitorioso como o do Palmeiras, talvez seja ainda mais difícil lidar com oscilações e momentos ruins. Artilheiros do clube na temporada e nomes que compõe a liderança do elenco, Veiga e Rony só deram mais combustível para as críticas no atual cenário de instabilidade vivido internamente.

Raphael Veiga e Rony são exemplos de jogadores que tiveram boas propostas para deixar o clube no meio da temporada, mas que foram bancados pela presidente Leila Pereira para minimizar o enfraquecimento do elenco.

– A eliminação foi muito forte, fim de temporada pega forte, também. Não tem outra forma de sair da situação, se não for trabalhando. Já mostramos muitas vezes que saímos de situações adversas. Nosso time não está acostumado a ficar vários jogos sem ganhar, mas não tem outra forma de sair de uma situação como essa, se não for trabalhando – disse Gustavo Gómez após a derrota para o Atlético-MG.

Missão na reta final de 2023

Palmeiras terá 11 jogos até o fim da temporada. Mais do que recuperar o bom futebol, a grande meta é garantir uma das vagas diretas para a próxima edição da Conmebol Libertadores. Outro cenário, neste momento, pode ser encarado como um fim de temporada ainda mais melancólico.

Serão seis jogos em casa, sendo que três deles não poderão ser disputados no Allianz Parque em virtude shows agendados, e outras cinco partidas fora de casa. Mais que o bom rendimento, será necessário contornar a crise inédita na gestão de Abel Ferreira – que nunca sofreu quatro derrotas seguidas no Brasileirão – para reencontrar um caminho para a temporada 2024.

Os jogos restantes do Palmeiras no ano:

Fonte: Ge

Foto: Marcos Ribolli