Foram investidos R$ 1,14 milhão em 2020 e estado teve apenas seis projetos aprovados pelo programa criado pela Lei Rouanet.

Em 2020, o Rio Grande do Norte registrou o menor valor em recursos captados para financiamento de projetos culturais desde 2009. Foram R$ 1,14 milhão. Ao longo de todo ano, apenas seis projetos conseguiram patrocínios por meio da Lei Rouanet.

Os dados são da Síntese de Informações e Indicadores Culturais 2009-2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que compila dados e indicadores de pesquisas com recortes de várias dimensões do setor cultural do país.

O ano de 2020 foi de maior dificuldade, por causa da pandemia da Covid-19, mas o IBGE apontou que já vinha sendo registrada uma redução dos valores nos anos anteriores.

Entre 2009 e 2013, houve aumento de valor captado a cada ano. Mas o valor para o financiamento de atividades culturais foi caindo a partir de 2013, quando o estado obteve R$ 8,8 milhões.

Na comparação com os demais estados do Nordeste, o RN superou apenas o Piauí (R$ 1,03 milhão) em 2020.

No que diz respeito ao número de projetos captados pelo RN no programa de incentivo à cultura, entre os anos de 2009 até 2020 o estado conseguiu financiamento para um total de 103 empreendimentos.

Essa quantidade é a terceira menor do Nordeste, ficando à frente de Alagoas (36), Sergipe (56) e Maranhão (82) durante esse período.

O ano de 2020 foi o segundo menor, com 6 projetos aprovados pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura, instituído pela Lei Rouanet, para o estado.

Número de empresas culturais cai
Os estados do Nordeste tiveram uma diminuição do número de unidades locais (organizações, empresas, filiais) do ramo cultural quando comparado o ano de 2009 com o de 2019.

No Rio Grande do Norte, a redução foi de 60 estabelecimentos (0,8%), saindo de 3.042 unidades em 2009, para 2.982 em 2019.

A diminuição fez com que o RN figurasse entre os cinco últimos estados em termos de participação no total do país.

Conforme dados do Cadastro Central de Empresas (Cempre), em 2009 o RN respondia por 5,6% dos estabelecimentos culturais do Brasil, percentual que caiu para 4,8% em 2019.

Estado e famílias investem
Por outro lado, o IBGE apontou que entre 2019 e 2020, o governo do Rio Grande do Norte aumentou em mais de 130% o gasto com cultura.

Passou de R$ 22 milhões em 2019 para perto de R$ 51 milhões no ano passado. Trata-se de um incremento de cerca de 132%. Segundo o órgão, esse aumento também foi observado nos demais estados do Brasil.

No que se refere às despesas com cultura das famílias nos anos de 2017-2018, o gasto no RN foi em média de R$ 248 por mês, superando a média registrada para a região Nordeste (R$ 188). Isso garantiu ao estado potiguar a segunda colocação do Norte/Nordeste nesse quesito, atrás apenas do Amapá (R$ 256).

O Piauí o último colocado em gastos familiares com cultura (R$ 127) no Brasil. A primeira colocação nacional foi do DF (R$ 629).

Audiovisual lidera
A pesquisa do IBGE apontou que as atividades culturais periféricas, que consistem em equipamentos e materiais de apoio às atividades culturais principais, aumentaram o valor injetado na economia de R$ 75 milhões para R$ 106 milhões em 2019, o que rendeu maior valor entre as atividades do setor no território potiguar.

Mas quando o assunto são atividades culturais em si, as mídias audiovisuais e interativas foram a categoria que se destacou pelo incremento de seu valor, saindo de R$ 25 milhões em 2009 para R$ 81 milhões.

Já a categoria “livros e imprensa” em 2009 contava com valor adicionado de R$ 20 milhões e em 2019 seu valor chegou a R$ 33 milhões.

Renda dos trabalhadores é maior do Nordeste
Outro dado levantado pelo IBGE aponta que o RN possui a segunda maior proporção de pessoas atuando no setor cultural, na região Nordeste. Ao todo, 81 mil pessoas de 14 anos ou mais trabalhavam no setor cultural do estado em 2020, o que representa 6,05% do total de ocupados no estado em 2020. Dessa forma, o Rio Grande do Norte fica ligeiramente abaixo do estado do Ceará, que teve 6,12%.

No estado, a faixa etária predominante é a de pessoas entre 30 a 49 anos (48,5%), em seguida, 14 a 29 anos (37,2%), e 50 anos ou mais em último (14,3%).

A publicação ainda mostrou que, em 2020, o rendimento das pessoas brancas que atuavam no setor cultural do Rio Grande do Norte foi de R$ 2.708, enquanto as pessoas pretas ou pardas receberam em média R$ 1.492 – o que equivale a 55% do valor do rendimento das pessoas brancas.

Comparando com os outros estados do país, essa é a segunda maior diferença de rendimentos no setor cultural (R$ 1.216), ficando atrás apenas do estado de Pernambuco, que obteve diferença de R$ 1.295 reais.

No Rio Grande do Norte, o ano de 2020 foi o primeiro em que foi registrado renda para homens e mulheres acima de R$ 2 mil, com os homens recebendo em média R$ 2.075 e as mulheres R$ 2.056. O rendimento médio foi de R$ 2.065 – o maior entre os estados do Nordeste neste ano, mas ainda abaixo da média nacional, que é de R$ 2.478.

Fonte: G1 RN

Foto: Rogério Vital/Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi/Divulgação