Mesmo com o prazo para registro ampliado para 31 de maio, movimentações nos Estados ainda fazem parecer distante um acordo para que PT e PSB formem uma federação nas próximas eleições. Há várias arestas a aparar e a mais recente ganhou destaque no último sábado, 19, quando o senador Fabiano Contarato confirmou que vai concorrer ao governo do Espírito Santo pelo partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, projeto que se choca com os planos do atual governador capixaba, o pessebista Renato Casagrande, que pretende tentar a reeleição. Esses entraves, no entanto, não necessariamente inviabilizam o apoio do PSB à candidatura do líder petista para o Executivo.

Ao Portal Estadão, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o apoio a Lula nas eleições já é certo, mesmo que não haja federação. Desse modo, os entraves nos Estados podem acabar impedindo uma união definitiva entre as legendas para a próxima legislatura, mas a aliança com o provável candidato do PT para a disputa pelo Planalto está garantida. O dirigente foi categórico: “estaremos com Lula”, disse.
Já no que diz respeito à federação, reforça o clima “azedo” das negociações o fato de Casagrande ter se encontrado, há pouco mais de uma semana, com o pré-candidato à Presidência Sérgio Moro (Podemos), um dos principais adversários políticos de Lula. O evento foi criticado por lideranças petistas e causou mal-estar entre as duas siglas, que já vinham tendo problemas para formalizar um casamento para as eleições de outubro.
Embora a situação no Espírito Santo seja desafiadora, o maior obstáculo para os partidos ainda é a disputa pelo governo de São Paulo. Enquanto o PT está decidido a lançar o ex-prefeito Fernando Haddad na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, o PSB não abre mão da pré-candidatura de Márcio França. Uma ala do PT, inclusive, já vislumbra ambos como adversários no Estado, tamanha é a dificuldade para se chegar a um acordo.Siqueira já deu indícios de que tal cenário é plausível. “O PT tem direito de escolher Haddad. O PSB também escolheu, será Márcio França”, ele disse anteriormente ao Estadão, admitindo a possibilidade de haver palanques distintos em São Paulo.
A disposição de ter palanque duplo em São Paulo sinaliza que, mesmo sem acertar uma federação, os dois partidos podem seguir juntos na disputa nacional, pois as coligações (proibidas nas eleições proporcionais, para deputados por exemplo) seguem permitidas nos pleitos majoritários, ou seja, o PSB poderia apoiar Lula na corrida presidencial e candidatos de outras siglas nos Estados. Já em caso de federação isso seria impossível, pois a parceria é vertical, deve incluir todas as disputas em que os partidos estão envolvidos, e deve durar no mínimo quatro anos.
Na avaliação do cientista político Humberto Dantas, coordenador da pós-graduação em Ciência Política da FESP-SP, uma coligação pode até ser mais vantajosa que uma federação no caso de dois partidos grandes, como o PT e o PSB. Isso porque a federação obriga as legendas a unificarem suas listas de candidaturas também nas eleições proporcionais, como é o caso dos deputados federais de cada Estado, por exemplo, o que reduz a quantidade de nomes que cada sigla pode indicar para essa disputa. Além disso, segundo ele, esse tipo de união torna artificial a convivência dos partidos em locais onde, eventualmente, eles podem ser adversários.
“A federação afugenta oportunidades e inviabiliza muitas expectativas de candidatura. Em termos regionais, isso pode gerar desconforto e sugerir a saída de quadros dos partidos. A vantagem da coligação é que, por não ser nacional, ela pode ser celebrada apenas onde for possível que as siglas se entendam”, afirma.
Ao contrário do Espírito Santo, Pernambuco deixou de ser um dos obstáculos para a federação. Após diálogos com o PSB, o PT abriu mão da candidatura do senador Humberto Costa ao governo, privilegiando o candidato escolhido pelo governador pessebista Paulo Câmara. 
Lula lidera, Jair Bolsonaro cresce, Ciro e Moro empatamCom 42,2% das intenções de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue à frente na corrida pelo Palácio do Planalto, mostra a nova rodada da pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT)/MDA divulgada ontem. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em segundo lugar, com 28%. No campo da terceira via, Ciro Gomes (PDT) e Sérgio Moro (Podemos) estão em empate técnico, com a preferência de 6,7% e 6,4% dos entrevistados, respectivamente.
No cenário para um eventual segundo turno, a pesquisa indica que Lula tem, nesse momento, 53,2% de preferência contra 35,3% de Bolsonaro. Já Ciro Gomes teria 41,9% contra 37,9% do atual presidente. Segundo o levantamento, o chefe do Executivo superaria Moro por 35,6% a 34%, o que pode ser visto como um empate técnico considerando a margem erro. O mandatário também venceria João Doria por 41,1% a 29,8%.
Considerando a pesquisa anterior, divulgada em dezembro, Lula oscilou 0,6% para baixo, enquanto Bolsonaro cresceu 2,4% e Moro caiu 2,5%.Escolhido nas prévias do PSDB como pré-candidato ao Planalto, o governador de São Paulo, João Doria, figura em quarto lugar com 1,8%. Em seguida, aparecem André Janones (Avante), com 1,5%, e Simone Tebet (MDB), com 0,6%. Felipe D’Ávila e Rodrigo Pacheco empatam em 0,3%.
O porcentual de votos brancos e nulos é de 6,2% e quase encosta nas intenções de voto para Moro e Ciro. Indecisos são 6%. Já no levantamento espontâneo, aquele em que os entrevistados expressam sua preferência sem dispor de uma lista de opções, a quantidade de indecisos supera as intenções de voto em Bolsonaro.
Ainda de acordo com o levantamento, 75,7% consideram que o maior problema enfrentado pelo País atualmente é a Saúde, seguida de Educação (50%), emprego (32,1%) e segurança (15,5%). Mais pessoas acreditam que a situação da Economia vai melhorar só em 2023 (36,7%) do que aquelas que têm expectativas ainda para este ano (16,8%).
A maioria da população considera honestidade (62,7%) e competência (52,2%) como os principais atributos desejáveis de um candidato à Presidência. Quanto à campanha eleitoral, 48,1% dos entrevistados disseram ser contra alianças e acordos entre partidos, enquanto 40,7% são a favor.
O levantamento consultou 2.002 pessoas entre 16 a 19 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2%. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número BR-09751/2022.
Números53,2%afirmam que votam em Lula em um eventual segundo turno, tendo Jair Bolsonaro como adversário.35,3%afirmam que votam em Jair Bolsonaro em um eventual segundo turno, tendo Lula como adversário.

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Arquivo/ TN