Revolta começou após PF prender cacique acusado de liderar movimento antidemocrático em Brasília pró-Bolsonaro.

O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Júlio Danilo, afirmou que uma parcela dos autores dos ataques de vandalismo na noite de segunda-feira 12, em Brasília, também fazem parte de um acampamento que se alojou em frente ao Quartel General do Exército. Ainda segundo ele, a permanência deles no QG será reavaliada.

“Parte desses manifestantes, a gente não pode garantir que são todos que estejam lá porque alguns podem residir inclusive na cidade e em outros locais, mas parte realmente estava no QG, no acampamento, e participaram desses atos. Quem for ali identificado será responsabilizado”, declarou Danilo.

Desde a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apoiadores do atual governo têm acampado no local e em outros prédios vinculados aos militares em diversas cidades do País. Sem aceitar a vitória do petista, apoiadores radicais do atual presidente insistem em pedir um golpe das Forças Armadas para impedir que Lula assuma o governo.

“A questão da manutenção ou não do acampamento vai ser reavaliada”, declarou o secretário em entrevista coletiva ao lado do senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), futuro ministro da Justiça, e do delegado Andrei Passos, coordenador da equipe de segurança de Lula e futuro chefe da Polícia Federal.

O protesto começou após a Polícia Federal prender, a mando do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o cacique Serere Xavante, por envolvimento em atos que pedem golpe militar. A prisão foi solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

TAMANHO DO ESTRAGO

Os ataques de vandalismo em Brasília na noite de segunda-feira deixaram um rastro de cinco ônibus e três carros de passeio incendiados, sendo sete deles totalmente consumidos pelo fogo. As informações estão em nota divulgada pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, que também informou que uma caminhonete da corporação foi alvo de apedrejamento.

Uma delegacia da Policia Civil próxima ao local dos atos de vandalismo também foi alvo de ataques na noite de segunda. O edifício foi apedrejado e as portas de vidro destruídas.

“A manifestação foi revolta e ocasionou danos ao patrimônio público e privado”, disseram os bombeiros.

De acordo com eles, além disso, uma pessoa de 67 anos precisou de assistência médica.

Ibaneis diz que orientou polícia para identificar e punir bolsonaristas radicais

O governador Ibaneis Rocha (MDB) disse por meio de uma rede social, nesta terça-feira 13, que orientou as forças de segurança do Distrito Federal para que identifiquem e punam bolsonaristas radicais que praticaram atos de vandalismo em Brasília. Na noite de segunda 12, um grupo tentou invadir o prédio da Polícia Federal, incendiaram ônibus e carros na região central da capital federal.

Na publicação, Ibaneis definiu o episódio como “lamentável” e disse que o governo do Distrito Federal (GDF) esteve, a todo momento, em contato com o Ministério da Justiça e com o governo de transição.

“O intuito era restabelecer a ordem e assim foi feito”, disse Ibaneis. Segundo o governador, as forças policiais do DF “agiram com rapidez e da maneira mais adequada possível”.

Lula diz que Bolsonaro incentiva ‘ativistas fascistas’ nas ruas

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro incentiva a contestação do resultado da eleição presidencial e também “os ativistas fascistas que estão nas ruas”. Nesta segunda-feira 12, manifestantes queimaram ônibus e carros em Brasília, no mesmo dia que Lula foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral como presidente eleito, apto a tomar posse no dia 1° de janeiro.

“Todas as vezes que eu perdi, eu respeitei quem tinha ganho. Esse cidadão (Bolsonaro) até agora não reconheceu a sua derrota, continua incentivando os ativistas fascistas que estão na rua se movimentando. Ontem (segunda-feira, 12), ele recebeu esse pessoal no Palácio do Alvorada. Ele tem que saber que aquilo é um patrimônio público, não é dele, não é da mulher dele”, disse Lula.

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, disse que Lula não foi exposto a risco, quando um grupo de apoiadores do presidente tentou invadir prédio da Polícia Federal em Brasília e causou tumulto no centro da capital, região onde Lula está hospedado.

“Esse cidadão continua incentivando gente a negar (o resultado das eleições). Ele segue o rito que todos os fascistas seguem no mundo. É importante a gente saber que eles fazem parte de uma organização de extrema-direita, que não existe apenas no Brasil”, afirmou o petista.

“É uma figura anômala, irracional, sem coração, sem sentimentos”, disse Lula, sobre Bolsonaro. “Ele está mostrando o que ele é agora. Eu perdi três eleições e nas três voltei para casa, lamentei, chorei, me preparei para ganhar a próxima”, afirmou o presidente eleito.

Fonte: Agora RN

Foto: TV Jovem Pan News/Reprodução