No jogo seguinte à sua primeira vitória no comando do Corinthians, Vanderlei Luxemburgo decidiu mexer na equipe. Não apenas em jogadores, mas sim no esquema tático. E numa partida decisiva.

A ousadia, uma das marcas registradas de Luxemburgo nos momentos mais gloriosos da carreira, foi coroada com a melhor atuação do Corinthians em 2023 e a classificação às quartas de final da Copa do Brasil. Com o dedo de seu treinador, o Timão venceu o Atlético-MG nos pênaltis, na noite desta quarta-feira, mas poderia ter ficado com a vaga no tempo normal, tamanha superioridade apresentada.

Yuri Alberto acertou a trave duas vezes e perdeu um gol cara a cara com Everson. Fausto Vera foi outro a carimbar o travessão e desperdiçar chance clara. Assim como Fagner, que jogou fora ótima chance quando o duelo ainda estava 0 a 0. Foi um amasso.

A principal dúvida na escalação corintiana era se Renato Augusto voltaria a começar um jogo depois de 55 dias. Porém, quando os 11 titulares saíram, a presença do camisa 8 não foi a principal novidade. Luxemburgo sacou Roni e promoveu a volta de Fagner, empurrando Bruno Méndez um pouco mais para o centro e armando a equipe com três zagueiros.

A alteração fortaleceu a marcação na entrada da área do Timão e liberou os laterais para fazerem o que sabem melhor: apoiar o ataque.

Do outro lado, Coudet também preparou surpresas no Galo, a principal delas a ausência de Hulk. O técnico argentino também barrou Rubens e, em vez do reserva Dodô, escalou Patrick na lateral esquerda. Foi por ali que o Corinthians deitou e rolou no primeiro tempo, com boas chegadas de Fagner, mas também tramas envolvendo Fausto Vera, Renato Augusto e Yuri Alberto.

As escolhas atleticanas, difíceis de entender num jogo desse tamanho, claramente não deram certo, e Coudet tentou corrigir no intervalo. A essa altura, no entanto, o ambiente era totalmente favorável ao Corinthians, que foi para o intervalo vencendo por 1 a 0, gol de Matheus Bidu.

Sim, é verdade que Zaracho teve boa chance para marcar no primeiro tempo, e Paulinho, no segundo. Mas faltou muito mais do que pontaria ao Galo. Empurrado por sua torcida, o Timão foi mais combativo, organizado e dominante.

Foram 16 finalizações do Corinthians no jogo, oito no alvo, segundo melhor desempenho desde a chegada de Luxemburgo – só no empate em 1 a 1 com o Fortaleza a equipe chutou mais.

Estatísticas do jogo – Corinthians 2 x 0 Atlético-MG

  • Posse de bola: 47% x 53%
  • Finalizações: 16 x 15
  • Finalizações no alvo: 8 x 5
  • Passes completos: 400 x 395
  • Passes incompletos: 89 x 79
  • Desarmes: 23 x 15
  • Faltas cometidas: 7 x 19
  • Escanteios: 4 x 4
  • Impedimentos: 1 x 1

Além de ter volume ofensivo, a equipe conseguiu ser sólida atrás e chegou à terceira partida seguida sem ser vazada.

Luxa completa um mês no cargo de técnico corintiano com o trabalho em evolução – algo que era difícil notar no início da passagem dele, quando a equipe patinava e não dava sinais de reação.

Bem coletivamente, o Timão também contou com o brilho individual de muitos jogadores contra o Galo, alguns dos quais merecem citação.

  • O trio de zaga esteve em grande noite, sobretudo Murillo, um primor nos desarmes. Bidu fez seu primeiro gol, evitou um do Galo dentro da pequena área e se doou demais.
  • Fausto foi incansável e, com um pouco mais de capricho, teria finalmente balançado as redes com a camisa alvinegra.
  • Renato Augusto, ainda fora da forma física ideal, não esteve tão participativo quanto em seus melhores dias, mas ainda assim fez a diferença com passes, lançamentos e batidas precisas de escanteio.
  • Róger Guedes… que temporada! Autor de metade dos gols do Corinthians no ano (18 de 36), o camisa 10 correu demais para ajudar na marcação, algo que tanto se cobra dele.

Incrível como tudo muda muito rápido no futebol. O Corinthians que até domingo não vencia há oito partidas agora renasce na temporada. Fora da zona de rebaixamento do Brasileirão, depende apenas de si para classificar na Conmebol Libertadores e está a seis jogos do título da Copa do Brasil.

Fonte: ge

Foto: Marcos Ribolli