O sargento Luís Marcos dos Reis, ex-assessor de Jair Bolsonaro, entregou apenas o extrato de uma das contas que ele possui à CPI dos Atos Golpistas que apura os ataques aos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro.

Luís Marcos dos Reis atuava na equipe de Mauro Cid, na Ajudância de Ordens do ex-presidente. Ele está preso desde maio, suspeito de participar de esquema de falsificação de cartões de vacinação, o que ele nega.

A relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que se a intenção do ex-ajudante de ordens foi enrolar a comissão, “haverá consequências”.

“Se houve uma tentativa de embaraço de Luis Marcos dos Reis com a CPI, ao disponibilizar apenas parte dos extratos, haverá consequências jurídicas disso”, afirmou a relatora.

A defesa de Luis Marcos dos Reis declarou que a escolha foi feita porque traz a “movimentação substancial” do sargento. “É somente a conta do Banco do Brasil que tem movimentação substancial. A defesa não se opõe a vinda das informações das demais contas”, afirmou.

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Extrato
Num ato voluntário, ele disponibilizou para a CPI os extratos que trouxe como documento acessório para utilizar durante o depoimento que prestou na quinta-feira (24).

Relatório de Inteligência Financeira (RIF) produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que ele possui, ao menos, duas outras contas.

Os extratos disponibilizados foram de uma conta do Banco do Brasil e vão de fevereiro de 2022 a maio de 2023. Nesses documentos, é possível identificar, por exemplo, R$ 70 mil que foram enviados para o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, em janeiro de 2023.

Durante depoimento na CPI, Reis justificou que o valor se referia a venda de um veículo de Cid. “O carro era dele, comprou, único dono, e eu anunciei o carro para vender. […] Está lá no dia que essa senhora comprou o carro, que depositou na minha conta, R$72 mil”, afirmou dos Reis.

O subordinado de Cid ainda disse que repassou um valor menor porque o chefe o gratificou pelo “trabalho” feito. “Ele: ‘Quanto que sobrou?’. Setenta e dois mil, oitocentos e trinta.’ Ele falou assim: ‘Passa 70 mil; fica para você o restante por seu trabalho”, disse.

Entretanto, os extratos não trazem a movimentação bancária completa que o ex-ajudante de ordens teve ao longo do período. Em um dos relatórios, o conselho aponta que Mauro Cid enviou, em uma única transferência, R$ 11.740 para Reis. Entretanto, este valor não aparece nos extratos bancários.

Outro inconsistência se dá nas transferências para Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia de Michelle Bolsonaro e babá da filha mais nova do ex-presidente.

O relatório aponta que Reis enviou de sua conta R$ 11.360 em quatro transferências de R$ 2.840, realizadas em fevereiro, abril, junho e julho de 2022. Porém, essas transações não aparecem no extrato entregue por ele à CPI. O único registro de transferência deste valor aparece apenas em 16 de março de 2022.

Na última sessão deliberativa da CPI, foi aprovado um requerimento da relatora Eliziane Gama que pede a quebra de sigilo bancário.

Fonte: Blog do Silvério Filho