Transição energética é uma das principais pautas discutidas pela Petrobras recentemente. Com o potencial de geração de energia renovável, o Brasil tem papel de destaque e pode se tornar um centro atrativo ao mundo inteiro. Recentemente, entretanto, Jean Paul Prates, Diretor Executivo (CEO) da empresa, afirmou não haver pressa para novos projetos renováveis no portfólio da empresa e que uma postura de maior definição poderá acontecer entre o fim deste ano e o primeiro semestre de 2024. No entanto, a estatal já demonstra primeiros passos para isso, incluindo o RN neste cenário, e também fortalece acordos com outros países.

Estas informações foram dadas em uma entrevista à agência Reuters. No mês de junho, a empresa comunicou que vai aportar de 6% a 15% do investimento do Plano Estratégico de 2024 a 2028 focando em projetos de energias renováveis e descarbonização.

“A gente vai tentando viabilizar bons projetos, não é obrigatório chegar a 15% a qualquer custo, significa que pode ir até 15%, é uma sinalização importante para o investidor saber que estamos graduando aqui uma boa participação em renováveis, mas pode ser que fique abaixo porque não achou projeto”, adiantou Prates.

O Rio Grande do Norte, aliás, terá participação em um dos projetos que costuma ser pauta frequente quando o assunto é energia renovável: o offshore. Serão instalados seis dispositivos de medição de vento com o objetivo de avaliar a viabilidade dos novos parques eólicos offshore. Além do RN, os sistemas de medição LiDAR (Light Detection and Ranging) também serão instalados em unidades no Ceará e no Espírito Santo, segundo a própria estatal.

“Os equipamentos integram novas campanhas de medição eólica, que serão realizadas ao longo de três anos. Os dados coletados permitirão a elaboração de uma avaliação detalhada em diferentes áreas do País com elevado potencial para desenvolvimento de parques eólicos offshore”, disse a companhia, informando que os sensores serão alimentados por placas solares ou pelos sistemas das próprias plataformas.

O sensor óptico LiDAR utiliza feixes de laser para medir a velocidade e direção do vento, de 30 a 200 metros de altura, gerando dados compatíveis com o ambiente de operação das turbinas eólicas. O primeiro equipamento foi instalado e está operando na plataforma fixa PAG-2 no Rio Grande do Norte, que há 10 anos havia recebido a primeira torre anemométrica no mar do Brasil, o que permitiu a demonstração do potencial de utilização da tecnologia LiDAR para medição do vento em plataformas e a elaboração do primeiro Atlas do Potencial Eólico Offshore na região, que era o objetivo da pesquisa. Os outros cinco sensores serão instalados ao longo dos próximos 12 meses.

“A instalação do LIDAR na PAG-2, há uma década, mostra que a Petrobras é uma empresa inovadora, que sempre buscou superar a barreira do conhecimento. Estamos focados no que há de mais moderno em tecnologias para produção de energias e investimos em pesquisa e desenvolvimento, ligadas à transição energética justa e inclusiva, visando o futuro da companhia”, disse em nota o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates.

Foco no pré-sal e aproximação com a China

Considerados a principal fonte de receita da estatal, os campos do pré-sal não deixarão de ser priorizados na gestão do ex-senador pelo Rio Grande do Norte, evidenciando que os planos de transição energética são focados a médio e longo prazo.

“A gente vai ter um tempo de preparação que estou chamando de consciente e consistente, não vamos fazer nada apressado, não tem pressa, a Petrobras está numa situação boa, não tem pressa para se amarrar com nada e nem tem pressa de entrar em projeto nenhum, vamos fazer no tempo certo”, observou.

Outro ponto é uma notável aproximação dos chineses, desde que Jean Paul Prates assumiu como CEO da companhia. Em entrevista à Reuters, Prates adiantou que um dos projetos é a criação de uma subsidiária na China, a partir de 2024. No entanto, ainda necessita de aprovações internas e o cumprimento de ritos de governança corporativa.

“Uma subsidiária no país asiático teria capacidade de fazer operações, analisar projetos e participar societariamente até mesmo de empreendimentos internacionais fora da China e Brasil, que poderiam ser, “por exemplo, na África”, projetou.

O objetivo é fortalecer laços com os chineses, que poderiam ajudar na reconstrução da indústria naval brasileira e expandir investimentos em território nacional.

“Para eles é importante, é uma sinalização interessante que a gente diga que, do mesmo modo que temos uma Petrobras America, a gente tenha uma Petrobras China, porque os dois países são igualmente importantes para nós”, afirmou Prates.

Recentemente, Prates publicou em redes sociais a assinatura de acordos com empresas chinesas para buscar possíveis parcerias no Brasil, China e em outras regiões, como Bolívia e Suriname. Entre os acordos, estão a exploração e produção, transição energética, refino, petroquímica, energia renovável, hidrogênio, fertilizantes, amônia e captura de carbono.

“Nossa missão na China continua trazendo excelentes frutos para a Petrobras e para o Brasil! Assinamos quatro memorandos de entendimento (MOUs) com a China Energy, SINOPEC, CNOOC e Citic Construction, principais grupos de petróleo e energia da China. Os acordos foram firmados em Pequim, entre os dias 28 e 30 de agosto, durante a missão estratégica da companhia ao país”, pontuou.l

Fonte: AgoraRN

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