Nas últimas idas ao supermercado, a autônoma Patrícia Souza, de 35 anos, diz que tem  se animado com os preços dos alimentos. Segundo conta, alguns que ela utiliza para fazer doces e bolos, chegaram, a uma redução de 30% comparado a alguns meses, como é o caso do leite condensado. Não se trata apenas de uma impressão dela. O grupo de alimentação, que mais pesa no orçamento doméstico, foi responsável pela queda na inflação em Natal no mês de agosto.

Foi o segundo mês seguido que isso aconteceu, de acordo com a Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos (CES) do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema/RN). Para calcular o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), o Idema pesquisa 8 mil itens. Na soma geral desses itens, os preços tiveram uma redução de 0,14%. Somente no custo da cesta básica na capital houve variação negativa de 0,63% em relação ao mês anterior.

“Eu compro muito leite condensado pois trabalho com confeitaria e, de R$ 6,50 a gente já encontra por R$ 4,50. Óleo, que chegou a quase R$ 10, agora está por menos de R$ 6. Isso ajuda a gente a dar uma aliviada nas contas”, declarou  Patrícia Souza, quando saía de uma rede de supermercados da cidade.

O Idema diz que as variações negativas dos produtos alimentícios ocorreram em oito produtos: feijão (-7,09%), legumes (-6,74%), margarina (-6,29%), carne de boi (-2,02%), frutas (-1,51%), café (-0,91%) e óleo (-0,13%).

A também confeiteira Priscila Lima, de 38 anos, confirmou nas gôndolas o que os números da pesquisa apontam. “Carne teve uma redução muito boa, apesar de que na semana passada eu encontrei ainda mais barato. Muitas vezes é por causa das promoções, mas as a gente percebe que está variando para menos. Isso ajuda bastante no orçamento porque a gente sente um poder de compra maior, muito embora eu ainda não compre tudo na quantidade que gostaria”, contou a consumidora.

A pesquisa do Idema inclui grandes e pequenas redes de supermercado de Natal e também as feiras livres. “Os preços já vêm caindo ao longo dos últimos meses. Isso se deve a mais oferta de produtos. Quando tem essas reduções, o  poder de compra, principalmente para a população com menor poder aquisitivo aumenta”, explica Azaías Oliveira, chefe da coordenadoria de Estudos Sócio Econômicos do Idema.

O grupo Alimentação e Bebidas, que responde por 32,43% do índice geral em termos de participação no orçamento familiar, apresentou variação negativa de 1,83% em relação ao mês anterior. Os itens que mais contribuíram para essa queda de preços foram cereais, leguminosas e oleaginosas (-6,38%), carnes e peixes industrializados (-5,01%).

O grupo Educação apresentou variação negativa de (-0,05%). Já o grupo Artigos de Residência teve uma variação positiva de 0,15% em função do aumento de preços de Eletrodomésticos e Equipamentos (2,02%) e Utensílios e Enfeites (0,61%).

A variação da inflação no ano em Natal ficou em 2,63%, e nos últimos doze meses (setembro/22 a agosto/23), 3,81%. É o menor percentual acumulado no octamestre (período de oito meses) desde 2020, quando a pandemia afetou as vendas no comércio. No ano passado, a inflação acumulada foi de 6,48% e a cesta básica subiu 13,9%.

Cesta básica

Além do Idema, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também constatou queda no preço da cesta básica. Aliás, na pesquisa da entidade, Natal teve a maior redução entre as 16 capitais (5,2%) onde os preços reduziram, em comparação a julho. As outras maiores quedas ocorreram em Salvador (3,3%), Fortaleza (2,8%), João Pessoa (2,7%) e São Paulo (2,7%). A única elevação foi em Brasília, de 0,3%. A pesquisa mensal do Dieese é feita em 17 capitais.

Na comparação com agosto de 2022, a cesta em Natal aumentou 0,08% e, nos primeiros oito meses do ano, caiu 0,54%. Segundo o Dieese, entre julho e agosto de 2023, nove bens apresentaram retração no preço médio: tomate (-19,93%), feijão carioca (-7,93%), leite integral UHT (-4,71%), carne bovina de primeira (-4,21%), açúcar refinado (-2,80%), café em pó (-1,75%), banana (-1,56%), farinha de mandioca (-1,13%) e arroz agulhinha (-1,09%). Outros três tiveram os preços elevados: manteiga (1,29%), pão francês (0,80%) e óleo de soja (0,43%).

Números

Cesta Básica

Valor: R$ 556,13

Variação: (-0,63%)

IPC

Janeiro: 0,55%

Fevereiro: 0,44%

Março: 0,52%

Abril: 0,63%

Maio: 0,54%

Junho: 0,10%

Julho: (-0,04%)

Agosto: (-0,14%)

Fonte: Tribuna do Norte/IDEMA/RN

Foto: Alex Régis