Neste domingo 5, aconteceu o primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na qual o tema da redação foi:  “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. Segundo Érica Canuto, Promotora de Justiça que integra a Promotoria de Defesa da Mulher no Rio Grande do Norte, a temática reitera a necessidade de conscientização do assunto para a sociedade, pois muitos ainda tratam o trabalho de cuidar realizado pela mulher como invisível. 

“É um trabalho invisível, ninguém vê, né? Isso não é feito por amor, é uma imposição. Não é natural, é uma imposição cultural”, diz Érica. 

De acordo com Érica, a existência dessa carga exaustiva proveniente do trabalho de cuidar traz consequências em diversas áreas da vida de uma mulher, como na vida profissional, visto que muitas deixam de ocupar cargos porque estão cansadas.

“Elas dedicam o dobro de horas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 10 horas a mais elas usam para dedicar ao trabalho doméstico. E isso faz com que as mulheres fiquem exaustas, cansadas, realmente esgotadas… Então retira as possibilidades, as chances da mulher “, alega a promotora. 

A pesquisa citada pela promotora foi divulgada no dia 11 de agosto deste ano, na qual o IBGE aponta que as mulheres brasileiras dedicaram 9,6 horas a mais do que os homens, por semana, aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos em 2022.

Além do cansaço, Érica menciona que outra situação normalizada que advém da invisibilidade do trabalho de cuidar são as oportunidades desiguais na vida acadêmica, visto que muitas mulheres precisam abandonar os estudos para cuidar dos filhos por falta de rede de apoio.

Igualdade de gênero

Para a promotora, debater esse assunto fomenta a discussão sobre igualdade de gênero, pauta que ainda vivencia diversos estigmas. “É por isso que esse tema é tão importante, é um tema que discute a desigualdade de gênero. A gente precisa falar sobre a igualdade de gênero”, afirmou.

“Muitas pessoas sequer tinham ouvido falar sobre o trabalho invisível do cuidado”, disse Érica. “Nunca tinha ouvido falar que mulheres se dedicavam ao trabalho do cuidado. Cuidado com crianças, com idosos, doentes da casa, com todas as pessoas. Se dedicam a mais, além de cuidar de tudo”, complementou. 

Érica reforça que a repercussão do tema é positiva, pois o país inteiro está falando sobre. Também abre um parêntese sobre a necessidade de outras temáticas que discutam sobre desigualdade de gênero. 

Fonte: AgoraRN

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