Pré-candidatos a senador no Rio Grande do Norte, os ministros Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) e Fábio Faria (Comunicações) ainda não conversaram, em Brasília, sobre qual deles representará o bolsonarismo para tentar tomar, nas eleições de outubro deste ano, uma cadeira que, atualmente, pertence ao senador Jean Paul Prates (PT).

O encontro dos ministros para discutir essa questão politico-eleitoral vai depender das agendas oficiais dos dois na Esplanada dos Ministérios. Ontem, o próprio ministro Rogério Marinho informou, nas redes sociais, que teve de acompanhar o presidente da República, Jair Bolsonaro, na visita a São Paulo, “para apoiar e assistir às populações vitimadas pelas fortes chuvas dos últimos dias”.

“Solidariedade às famílias e ajuda aos desabrigados”, escreveu também o ministro do Desenvolvimento Regional, que sobrevoou áreas atingidas também ao lado dos ministros João Roma Neto (Cidadania) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura), general Augusto Heleno (Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral). “Desde a sexta-feira estamos em contato permanente com a Defesa Civil do estado e municípios prestando todo o apoio”, acrescentou.
Assessores dos dois ministros c confirmaram que a conversa presencial entre os ministros deve ocorrer ainda esta semana e ambos não falarão, oficialmente, a respeito da definição de pré-candidatura antes disso.

Durante o fim de semana ocorreram muitas conversas entre próceres políticos de diversos partidos. Antes de regressar à capital federal, na segunda-feira (31 de janeiro), Rogério Marinho teria comunicado ao presidente estadual do Republicanos, deputado federal Rogério Marinho, que passou a apoiar uma eventual pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB), como nome capaz de unir a oposição para governo do Estado.

Prefeitos e deputados também teriam participado dessas conversas, a ponto de se discutir uma forma de garantir apoios a possível candidatura a deputado federal do ex-governador Robison Faria, a partir da retirada do nome do ministro Fábio Faria para a disputa senatorial.

Nas redes sociais, Fábio Faria logo tratou de desmentir informações veiculadas em blogs de que teria desistido de integrar uma chapa majoritária de oposição ao PT e seus partidos aliados: “Não procede: reafirmo que continuou pré-candidato ao Senado”.

A considerar que no dia 09 o presidente Jair Bolsonaro virá ao Rio Grande do Norte vai assistir a chegada das águas do rio São Francisco no município de Jardim de Piranhas, na região do Seridó, os dois ministros terão oito dias para fecharem um acordo político. É possível que esse anúncio seja feito durante a visita presidencial ao Estado.

Fátima Bezerravai reunir grupo eleitoral do PT
A governadora Fátima Bezerra (PT) vai abrindo espaços, na sua agenda administrativa, para discussões políticas sobre a composição de uma chapa majoritária, que possa, inclusive, ampliar o leque de alianças partidárias para a sua campanha de reeleição, mesmo enfrentando resistência interna no partido.

O presidente estadual do Partido dos Trabalhadores, ex-deputado estadual Júnior Souto, confirmou que, na noite de amanhã, a governadora do Estado se reúne com o grupo de trabalho eleitoral criado pelo partido, exclusivamente para coordenar o debate interno sobre sobre alianças políticas para 2022.

Júnior Souto disse que a a reunião não ocorrer na residência da governadora, em Ponta Negra, nem na sede do partido, na rua Dr. José Borges, em Lagoa Nova, onde “as dependências não são adequadas” pela quantidade de pessoas e para uma reunião demorada: “Estamos definindo outro local”.

Souto explica que a reunião da governadora Fátima Bezerra com representantes das nove tendências internas do PT, que integram o grupo de trabalho eleitoral, antecede mais duas reuniões., a primeira entre os 17 membros da Executiva Estadual programada para a segunda-feira (07) e a segunda, prevista para suas semanas depois desse encontro, envolvendo os 46 membros do Diretório Estadual do partido.

Segundo Souto, até agora o PT “não teve nenhuma tratativa institucional” com o PDT, que é presidido no Rio Grande do Norte pelo ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo, relacionada a uma participação na chapa majoritária. “Essa questão do Senado vai ser tratada na reunião da Executiva, mas não houve reunião do partido ou representação com Carlos Eduardo”, disse o dirigente petista.

Kelps condiciona apoio a posicionamento de oposição
O deputado estadual Kelps Lima é pré-candidato a deputado federal nas eleições deste ano e seu partido, o Solidariedade, tem pré-candidato a governador, o engenheiro Breno Queiroga. Mas admite que pode apoiar outro candidato para enfrentar a governadora Fátima Bezerra (PT).

Kelps Lima acha possível apoiar a pré-candidatura do presidente da Assembleia Legislativa, o tucano deputado estadual Ezequiel Ferreira: “A gente precisa saber se o PSDB é mesmo oposição” disse ele, que continuou: “Quem quer ser contra a governadora, primeiro tem que entregar todos os cargos a ela.”

Porém, Kelps Lima afirmou que “internamente vi várias vezes Ezequiel Ferreira fazer críticas à governadora”. Para o deputado do SD, Ferreira “tem um grande mérito, é articulador, sabe juntar gente, é de fato um nome agregador, mas o SD não depende de governo e de Assembleia, a gente nunca dependeu de nada disso”.

Segundo Lima, “isso para gente não é importante, essas forças estruturais tradicionais, nunca pra gente não foi importante, a gente faz política alternativa”.
Kelps Lima afirmou, no Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan News Natal, que tem convicção de que a governadora do Estado não será reeleita, primeiro porque tem uma rejeição de mais de 50% conforme as pesquisas eleitorais que vinham sendo divulgadas até dezembro do ano passado. “A oposição vai ganhar a eleição, só tem chance de perder se o candidato for muito ruim e com rejeição muito alta”, destacou.

Para ele, o candidato que “se consolidar no sentimento anti-PT ganha a eleição. “Ezequiel é anti-PT?”, questionou.

A respeito do fato de Ezequiel Ferreira ter apoiado projetos de interesse do governo, Lima disse que como presidente da Assembleia “ele tinha esse papel, não podia ser irresponsável”. Também ponderou que mesmo apoiando o governo, Ezequiel Ferreira permitiu a abertura de uma CPI para investigar a aplicação de recursos no combate à pandemia de coronavírus, como o repasse de R$ 5 milhões para a compra de respiradores pelo Consórcio Nordeste, que nunca chegaram ao Estado. “Ezequiel nunca podou a oposição, é preciso reconhecer”, assegurou Lima, embora afirme que para se ganhar uma eleição “não dá só pra ser conciliador, tem que ir para o ataque, não faz gol do meio de campo”.

O deputado Kelps Lima declarou, ontem de manhã, que o SD tem projeto alternativo político para o Estado.

União Brasil enfrenta disputas no PSL e DEM
Quatro meses após ser anunciado como resultado da fusão entre DEM e PSL, o União Brasil enfrenta uma disputa de poder “queda de braço” pela definição de quem dará a última palavra em acordos regionais e nas alianças para a eleição presidencial. Enquanto setores do PSL querem que o novo partido apoie a pré-candidatura do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos), dirigentes do DEM, como ACM Neto, preferem investir na construção de palanques estaduais. Uma ala do DEM tem resistências a Moro por causa de sua atuação como juiz na Operação Lava Jato.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) admitiu haver desencontros entre o DEM e o PSL. “O DEM tem uma cultura de decisão, de encaminhamento, de ser bem orgânico, de discutir muito ‘interna corporis’. O PSL tem uma história de decisão mais monocrática”, disse.

Apontado no ano passado como provável presidenciável do DEM, Mandetta é agora lembrado como candidato a vice, embora não se saiba para qual chapa. Na avaliação do ex-ministro, a expectativa é que as diferenças sejam ajustadas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologar a criação do União Brasil, o que é previsto para este mês.

A definição do comando de diretórios, entretanto, ainda provoca embates em Estados como Rio, Ceará e Distrito Federal. No maior deles, São Paulo, o aval do novo partido é cobiçado pelo governador João Doria (PSDB). Em dezembro do ano passado, o União Brasil declarou apoio ao vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de Doria ao Palácio dos Bandeirantes. Hoje, as secretarias de Transportes e de Governo estão nas mãos de indicados do DEM.

Fonte: Tribuna do Norte
Foto: Reprodução/JP News Natal/Marcello Casal JrAgência Brasil/