Que professores, policiais, enfermeiros e outra infinidade de categorias profissionais merecem reajuste salarial, não há a menor dúvida. Ninguém contesta que esses trabalhadores são fundamentais para a coletividade e que eles fazem jus a uma maior valorização. Não é isso que está em debate.

A questão é: tem dinheiro para conceder tantos aumentos como os que estão sendo reivindicados agora por inúmeras categorias de servidores públicos? É preciso cruzar merecimento e justiça com a efetiva disponibilidade de caixa para fazer frente aos aumentos de despesa.

É preciso verificar se os cofres públicos vão aguentar tamanha pressão agora e mais adiante, sob pena de esses mesmos trabalhadores que hoje cobram reajuste salarial ficarem sem seus proventos logo logo.

Chega de irresponsabilidade com o gasto público.

A decisão sobre conceder ou não aumento salarial, e de quanto, precisa ser racional e planejada. Não dá mais para posar de gestor generoso com o servidor, empurrando a conta para o próximo prefeito ou governador que vier.

E aqui um recado para os órgãos fiscalizadores, especialmente o Tribunal de Contas. É preciso ficar de olho nas irresponsabilidades fiscais cometidas especialmente em anos eleitorais. Para aplacar movimentos grevistas, politicamente prejudiciais em anos como o atual, gestores se apressam em conceder aumentos e aprovar benefícios em plano de cargos sem o devido esmero.

Ontem, mais uma categoria entrou em greve em Natal: a da saúde. A dos professores está de braços cruzados há duas semanas. No Estado, o governo está administrando uma série de interesses ao mesmo tempo. Chegou até a enfrentar greve de policiais civis, resolvida após a concessão de reivindicações da classe.

Aos servidores, é preciso também pedir bom senso. Categorias muitas vezes aproveitam que o ano é eleitoral para “botar nas cabeças”. Em Natal, por exemplo, professores – que já recebem acima do piso – estão pedindo nada menos que 33,24% de aumento (para todos).

É certo que a categoria tem o aumento garantido por lei (que, aliás, só existe em Natal). Mas, se os servidores já recebem bem acima do piso (o mínimo obrigatório), que tal um meio termo? Por que não a reposição da inflação, algo em torno de 10%? É preciso ser racional nos pedidos. E nem falamos aqui da grande necessidade de recursos que têm as escolas – em Natal, já falta até merenda.

Equilíbrio acima de tudo. Até por que, caro leitor, você acha que, se pudesse, o gestor não daria 100% de aumento todos os anos para os servidores? dá. Em matemática, dois mais dois sempre serão quatro.

Fonte: Editorial Agora RN