Edilma Vitória de Medeiros, de 46 anos, trabalha há sete anos como costureira em uma oficina em São Vicente, na região Central potiguar. É desse emprego que ela tira o sustento da família, enquanto o marido está desempregado.

“A costura significa todo o sustento da minha família. Inclusive chegou em um momento muito bom, porque eu queria poder pagar a faculdade para minha filha”, diz.

O sábado (7) foi um dia diferente, no teatro, para 1.500 costureiras como Edilma, que trabalham no interior do Rio Grande do Norte e na região metropolitana de Natal.

As trabalhadoras puderam assistir a um show de Waldonys com a Sesi Big Band e uma apresentação do Circo Grock. Ambas as atrações foram oferecidas pelo Instituto Riachuelo em comemoração ao Dia da Costureira.

De acordo com Marcella Kanner, diretora de comunicação do instituto, as apresentações também comemoram o primeiro ano de fundação do instituto, que atende diretamente cerca 250 empreendedores e 5 mil potiguares, atingindo aproximadamente 50 mil pessoas de forma indireta no estado.

“Não pudemos ter todo mundo, mas são mil e quinhentas pessoas, especialmente as costureiras, que são a a grande base do instituto. É um evento para comemorar, para trazer um pouco de cultura. A gente queria fazer um programa diferente. A maioria dessas pessoas vieram do interior do estado, estão vindo do sertão, e tem as costureiras também da fábrica. Nossa ideia é celebrar e trazer um dia muito especial para elas”, pontuou.

“Foi minha primeira vez no teatro e eu amei, amei, amei”, disse Edilma no fim das apresentações.

Outra costureira que foi pela primeira vez ao teatro foi Denise Melo da Silva, de 50 anos, que trabalha há 15 anos na fábrica da Guararapes, pertencente ao grupo Riachuelo. Uma das filhas dela também trabalha na empresa.

“O espetáculo foi espetacular. Me fez rir tanto, que chorei de emoção”, contou.

Instituto

O braço social da empresa Riachuelo, que foi fundada por Nevaldo Rocha no Rio Grande do Norte, atua com pelo menos cinco projetos no estado. Segundo Marcella, que é neta de Nevaldo, o instituto foi aberto há um ano com o propósito de levar desenvolvimento ao sertão potiguar, por meio da renda. O primeiro pólo de atuação foi a região do Seridó.

“Nosso fundador, que foi meu avô, nasceu no sertão. E ele sempre contou que teve que sair do sertão por falta de oportunidade. Então quando a gente quis fazer um instituto, a gente quis fazer em um local para justamente ter um impacto grande na vida das pessoas, que é o que está acontecendo. Mas a nossa ideia é conseguir depois expandir essas tecnologias sociais para outras regiões do semiárido do Brasil”, diz.

Atualmente, a organização atua em cinco pilares. Dentro do programa Pró-Sertão, de fomento à indústria têxtil, o instituto é responsável pela capacitação de novos empreendedores e costureiras. De acordo com Marcella, o projeto não atende apenas a demanda da empresa, mas outras fábricas da região.

Outro programa atende pessoas que trabalham com bordado e artesanato, auxiliando na formação empreendedora dos artesãos para que possam gerar renda.

Além disso, há desenvolvimento de um projeto com algodão agroecológico, com agricultores familiares, e formação empreendedora para estudantes de escolas públicas municipais da região.

Por fim, o instituto também conta com um projeto de “moda circular”, apoiando pesquisas para desenvolvimento de novas fibras e tecnologias que possam diminuir o impacto da cadeia da moda no meio ambiente.

“A missão do instituto é transformar vida através do trabalho e renda. O que a gente está vendo no interior do estado é algo transformador. Quando você leva oficinas de costura, gera uma nova fonte de emprego, de renda, é impressionando a transformação. Desde que começou o pró-sertão, você vê abertura de supermercados no Seridó, salões de beleza, aumento da venda de motos. É a prosperidade que puxa prosperidade. É o tipo de projeto que a gente acredita”, defende Marcella.

De acordo com ela, o grupo está buscando entender as iniciativas que deram certo para levá-las para outras partes do Brasil também.

“Outro sonho grande é que a gente amaria ver o interior do estado com um polo têxtil. O Rio Grande do Norte tem todo o talento, toda a capacidade para se transformar em um polo têxtil e agente sabe o quanto isso beneficiaria a região”, afirma Marcella.

Fonte: G1

Foto: Cedida