Manifestantes de vários movimentos sociais contra o racismo e injúria racial promoveram no final da tarde desta sexta-feira (16), na frente ao condomínio Quatro Estações, em Candelária, na zona Sul de Natal, o ato ‘Vidas negras importam’, em solidariedade à gerente de vendas Flávia Carvalho, 36 anos – agredida verbal e fisicamente por duas moradoras vizinhas, no 19º andar, no último de 7.

Com palavras de ordem como “racistas não passarão”, dezenas de pessoas ligadas pediram justiça no caso da gerente, que, após sofrer agressões, deixou o condomínio que residia há pelo menos cinco anos, com suas duas filhas. O ato foi acompanhado por uma guarnição da Patrulha Maria da Penha e por agentes da STTU. O trânsito não sofreu alterações no local, apesar da aglomeração em torno de um carro de som. Do alto, moradores do condomínio observavam o movimento.

De acordo com Danielly Melo, organizadora do evento, pelo menos 50 pessoas compareceram ao local. Ela classifica o caso como racismo, devido aos xingamentos e perseguições anteriores à agressão.”A agressora ficou insatisfeita pelo fato de Flávia ser uma pessoa preta e ocupar o mesmo espaço no prédio. É um episódio triste, infeliz e lamentavelmente cotidiano. Flávia é estopim para que as pessoas acordem para a gravidade do caso. O fato dela ser locatária e não proprietária não a exclui do direito de moradia”.

Railson Cavalcanti, membro do Movimento Social Rede Emancipa, espera que a denúncia aberta do ato tenha voz perante à sociedade e Justiça em todo o Estado. “Não toleramos mais nenhuma tentativa de racismo ou injúria racial. Vamos até o fim cobrar das autoridades”.

A bióloga Daiane Cristina, moradora do residencial onde ocorreu a agressão contra Flávia, afirmou à TRIBUNA DO NORTE que os condôminos ainda estão indignados com o que aconteceu e querem justiça. ”Soube por amigas do caso e não acreditei que fosse no mesmo endereço que eu moro. É um nó na garganta e uma dor no coração que sinto, pois não sou de pele branca e poderia ter sido a vítima desse crime. Espero que o caso não fique impune, pois o síndico informou que o caso está sendo tratado pelo Poder Público”.

Já o empresário potiguar Adriano Caetano, companheiro de Flávia Carvalho, lamentou não ter ocorrido a prisão em flagrante das agressoras, já que o crime de racismo é inafiançável. “Ela me ligou e saí correndo para prestar assistência e acionei o Ciosp. Cheguei ao local praticamente na mesma da Polícia Militar. Expliquei a gravidade do caso, mas os policiais agiram com indiferença, não efetuaram a prisão e nem conduziram as agressoras para a delegacia. É um episódio muito triste e teve um impacto fortíssimo na nossa família e pessoas próximas, mesmo sabendo que existem inúmeros casos dessa natureza ocorrendo diariamente em todo o país”.

Fonte: Tribuna do Norte

Foto: Wagner Guerra